sábado, 28 de novembro de 2009

Crânios

Muitos dinossauros ao longo da evolução desenvolveram estranhas estruturas em seus crânios. Sua função ainda é um mistério mas os paleontólogo há anos estão tentando decifrar o misterioso código dos crânios ornamentados.

Um dos primeiros dinossauros a apresentar alguma ornamentação craniana foi o Dilophosaurus. Esse carnívoro de 7 m de comprimento e 600 quilos viveu no início do Jurássico, há cerca de 190 milhões de anos. No topo de seu crânio existiam duas cristas em, vistas de frente, formavam um "V". Sua fragilidade descarta a possibilidade de servir de arma. Alguns paleontólogos acreditam que esses animais poderiam utilizar as cristas para intimidação. Algumas descobertas indicam que existia uma diferença de tamanho entre as cristas de machos e fêmeas, sendo as delas menores. Isso pode ser um indício de que a crista também poderiam servir como atrativo sexual, sendo utilizada pelo macho para conquistar fêmeas.



Na mesma época, mas no outro extremo do mundo viviam um outro carnívoro de porte semelhante ao do Dilophosaurus, com uma crista também bastante exótica. O Cryolophosaurus provavelmente usava sua estranha crista de maneira semelhante à do Dilophosaurus.



O Carnotaurus e o Ceratosaurus (abaixo) possuíam pequenos cornos no alto da cabeça. Inicialmente acreditou-se que poderiam ser usados para matar suas presas. Hoje porém acredita-se que pode ter tido função semelhante às dos carnívoros citados anteriormente.



Até mesmo dinossauros famosos como Allosaurus, Spinosaurus e Baryonyx tinham pequenas elevações no alto da cabeça, que podem ter sido apenas para ostentação.

Entre os pequenos terópodes, como o Oviraptor, a crista estava presente apenas nos machos. As fêmeas apenas apresentavam um pequeno calombo na ponta do bico. Nessa espécie a crista é um forte indicador de dimorfismo sexual.

Entre os vegetarianos destacam-se as cristas exóticas dos hadrossauros, ou dinossauros de bico-de-pato. Animais como o Parasaurolophus tinham longas cristas tubulares, ocas por dentro. Acredita-se que funcionavam como câmaras de ressonância, que amplificavam os sons emitidos por esses animais. Reconstruções em laboratório e programas de computador levaram os cientistas a conhecer o provável som emitido por esses animais. Semelhante a uma trombeta, diferia entre machos e fêmeas. Os machos, de cristas longas e quase retas emitiam sons muito altos e mais agudos, enquanto que as fêmeas, de cristas curtas e curvadas, emitiam sons baixos e graves.

Outras espécies de hadrossauros, com cristas de diferentes formatos provavelmente emitiam sons diversos. Alguns acreditam que essas diferenças eram cruciais para esses animais, uma vez que diferentes espécies conviviam juntas. Emitir sons diferentes evitaria confusão de comunicação entre membros de espécies diferentes. Esse provavelmente era o caso dos Corythosaurus e Lambeosaurus.

Outros hadrossauros não tinham cristas. No lugar delas desenvolveram focinhos com bolsas elásticas que desempenhavam função equivalente à de seus primos com crista.

Outro grupo que é sempre lembrado pelo formato de seu crânio é o dos paquicefalossauros. Acredita-se que esses dinos tenham aparecido pela primeira vez na Ásia há cerca de 95 milhões de anos. Os membros desse grupo são caracterizados por um crânio extremamente espesso, cuja função ainda intriga os especialistas. A maioria acredita que a função primordial desse "capacete" estava ligado à rituais de acasalamento e disputas por liderança.

Imagina-se que a espessura do crânio de tais herbívoros bípedes seria útil para proteger o cérebro desses animais durante ferozes batalhas de bater cabeças. Estudos em crânios de diversos indivíduos de Stegoceras mostraram que os machos realmente possuíam crânios mais espessos, o que serviria de forte indício para confirmar essa idéia. Como carneiros selvagens atuais, os machos deveriam bater ferozmente seus crânios até que um dos adversários desistisse. O vencedor ganhava o grupo e as fêmeas.

Costuma-se dividir os paqui em dois grandes grupos: os homalocéfalos e os paquicéfalossaurídeos. Os primeiros tinham crânios menos espessos e mais achatados, o que sugere que os combates deveriam ser do tipo "empurra-empurra". Já os últimos tinham crânios muito espessos e arredondados, o que para muitos significa combates do tipo "bate-cabeça".

Mas alguns paleontólogos mais recentemente têm rejeitado a teoria do combate cabeça contra cabeça. Eles afirmam que apesar de espesso, o formato arredondado faria com que o ponto de contato fosse pequeno, o que permitira erros de golpe e possíveis lesões graves. Eles acham que não seria interessante para esses animais serem feridos o tempo todo. Sendo assim eles propõem idéias alternativas, como por exemplo, golpes de cabeça contra as laterais do corpo, o que provocaria mais um leve desconforto do que propriamente uma lesão séria.

Alguns ainda propõem que na verdade os paqui usavam suas caudas para o combate, chicoteando os adversários.

Uma linha mais recente defende a idéia de que os crânios na verdade não eram usados para luta, mas apenas para exibição. Os defensores dessa idéia apontam a existência de grandes calombos ósseos nas laterais do crânio (em algumas espécies, como o Stygimoloch abaixo, esses calombos são enormes) que serviriam para deixar a aparência do animal ainda mais imponente e feroz.



Parentes dos paqui são os ceratopsianos. Os paleontólogos consideram estes como os dinossauros com os crânios mais impressionantes.

Suas cabeças, além da gorjeia óssea, eram ornamentadas com impressionantes cornos. Tanto os cornos como as gorjeias variavam em forma e tamanho de acordo com a espécie.

Entre os ceratopsianos mais desenvolvidos encontram-se 2 grandes grupos: os centrossaurídeos e os chasmossaurídeos.

Os centrossaurídeos, como o Styracosaurus e o Pachyrhinosaurus (abaixo), tinha gorjeias curtas. Normalmente os cornos que ficavam acima dos olhos eram pequenos e o corno nasal era muito longo.





Já os chasmossaurídeos, como o Torosaurus e o Triceratops (abaixo) tinham gorjeias longas, seus cornos orbitais também eram longos mas seu corno nasal era bem curto.





Há muito se discutia a real função de tais estruturas. Observando superficialmente é fácil imaginá-las como poderosas armas de ataque e defesa, especialmente se levarmos em conta que tais criaturas conviveram com poderosos carnívoros como os tiranossauros.

Mas nem tudo o que parece é.

Com relação aos cornos, apesar da aparência poderosa, estudos recentes demonstraram que eles na verdade eram bastante frágeis, podendo quebrar-se com facilidade. Infelizmente se isso ocorresse não haveria regeneração.


No caso do corno nasal de alguns centrossaurídeos, é provável que fossem usados mais para intimidação do que propriamente para ataque. Já os cornos orbitais dos chasmossaurídeos podem ainda ter sido usados para combates entre machos pela controle de um grupo ou posse da fêmeas.

Examinando os cornos de diversos Triceratops percebeu-se que haviam diferenças entre machos e fêmeas. Nas fêmeas eram mais curtos, curvados para frente e um pouco mias frágeis. Mas nos machos, eram longos e fortes, e curvados para frente e logo na ponta, para cima, o que é perfeito para combater sem arriscar tanto ferir seriamente o adversário. É provável que as lutas fossem um último recurso. Acredita-se que primeiramente os machos realizassem rituais de exibição.



Se nenhum deles cedesse, aí sim havia combate. É também provável que as lutas fossem rápidas e dificilmente haviam grandes ferimentos ou morte. Em geral o perdedor tinha ferido apenas seu orgulho.

Com relação às gorjeias, durante muito tempo cogitou-se que sua principal utilidade seria a de defender o frágil pescoço desses animais contra a mordida de predadores. Isso parece lógico, especialmente se observarmos o Triceratops, cuja gorjeia era sólida. Mas todos os outros ceratopsianos tinham grandes buracos nas gorjeias, provavelmente para torná-las mais leves. Esses buracos, quando os animais eram vivos preenchiam-se com pele e vasos sanguíneos. Um predador poderia facilmente causar danos sérios. O mais provável é que elas servissem apenas para intimidação. Alguns paleontólogos imaginam que os ceratopsianos e suas gorjeias eram ricamente coloridos, o que tornaria a intimidação ainda mais eficaz. Para incrementar ainda mais algumas espécies tinham longos calombos nas gorjeias, que os faziam parecer maiores e mais ferozes.





É provável que, quando ameaçados, os ceratopsianos, que viviam em rebanhos, formassem um círculo, com as cabeças para o lado de fora. Abaixando os focinhos e deixando a gorjeia e os cornos bem à mostra eles poderiam sacudir as cabeças dando um efeito tenebroso. Até os maiores predadores pensariam duas vezes antes de atacar. O colorido das gorjeias também poderiam ser usados para atrair fêmeas e intimidar rivais.

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