Todos os dinossauros tinham longas caudas. Mas a maneira com a qual eles as utilizavam variava de acordo com a espécie. Então, qual o papel das caudas na vida dos dinossauros?
Em primeiro lugar devemos responder uma questão importante: qual a real posição da cauda dos dinos? Elas eram arrastadas pelo chão ou ficavam erguidas no ar? Durante anos os dinossauros foram representados com suas enormes caudas sendo pesadamente arrastadas pelo solo. O modelo de Joseph Leidy, como é conhecido, dominou o cenário paleontológico durante décadas. Nós nos acostumamos a ver os enormes T-Rex andando em pé, quase eretos, imponentes. Mas pesquisas recentes confirmam que essa imagem estava completamente errada. Analisando suas vértebras e o encaixe dos ossos dos membros os cientistas perceberam que essa posição seria muito desconfortável para os animais e, provavelmente, provocaria lesões sérias em sua coluna. Além disso, se analisarmos seus rastros de pegadas fossilizadas, poderemos notar que em nenhuma delas existem marcas ou sulcos que indiquem enormes e pesadas caudas sendo arrastadas. Em todos os casos, apenas as pegadas foram confirmadas. Assim o modelo hoje mais aceito é o de dinossauros movendo-se com caudas quase retas, pairando no ar. No caso dos bípedes, a espinha ficava quase que paralela à linha do solo, fazendo com que os animais caminhassem como enormes pássaros.
Para esses animais as caudas funcionavam como um instrumento de equilíbrio, permitindo aos mesmos caminhar ou correr sem temer uma queda de frente no chão. O comprimento das caudas era de tal modo proporcional ao peso na frente dos quadris, de maneira que o centro de gravidade ficassem num ponto que equilibrava perfeitamente a metade anterior e a posterior.
Nos dinossauros raptores, conhecidos por desenvolver grandes velocidades, a cauda possuía filetes ósseos que a tornavam muito rígida. Para esses animais a cauda era como um leme, permitindo a eles mudarem rapidamente de direção caso fosse necessário.
Entre os grandes ornitópodes, como iguanodontes e hadrossauros, a cauda também era útil para contrabalancear seus corpos quando assumiam a posição bípede.
Alguns cientistas também propõem que as caudas achatadas lateralmente desses animais podem ter sido bastante coloridas, servindo de sinalizadores visuais para outros membros do grupo.
Em muitas espécies de dinossauros as caudas não eram usadas apenas para equilíbrio. Para esses animais elas poderiam funcionar como poderosas armas de defesa.
Os estegossauros apresentavam cravos longos e afiados nas caudas, cujo número variava de acordo com a espécie. Esses cravos eram manuseados com extrema habilidade por esses enormes herbívoros. Sua cauda potente poderia desferir golpes devastadores. Se fosse atingido, um carnívoro poderia ficar seriamente ferido.
Os anquilossauros também tinham suas caudas ornamentadas, mas, diferente dos estegossauros que tinham cravos, estas eram armadas com poderosos porretes ósseos. Além do porrete os anquilossauros ainda possuíam as últimas vértebras fundidas, o que dava maior potência à arma. Com a mesma maestria dos estegossauros, os anquilossauros poderiam desferir golpes devastadores, capazes de quebrar a perna ou romper órgãos internos de predadores como tiranossauros.
Os saurópodes também usavam suas caudas como arma. Dinossauros como o Diplodocus, com sua cauda longa e fina, semelhante a um chicote poderiam movê-la a uma velocidade de mais de 100 km/h, provocando um estalo ensurdecedor. Se o predador não se intimidasse, poderia ser golpeado com uma força descomunal. Alguns saurópodes, como o Shunosaurus possuíam um pequeno porrete semelhante ao dos anquilossauros, o que piorava ainda mais a situação.
Mas as caudas dos saurópodes não eram usadas somente para combates. Elas desempenhavam várias outras funções, como por exemplo comunicação. É possível que os diferentes movimentos de caudas fossem utilizados como um tipo de comunicação visual. Também já se cogitou a hipótese de que servissem como superfície de perda de calor. Acredita-se que os saurópodes, devido ao seu tamanho excepcional, deveriam ter sérios problemas com super-aquecimento. A cauda poderia servir como uma enorme superfície de dispersão, tal qual as orelhas enormes dos elefantes-africanos.
Alguns estudos indicam ainda que os saurópodes, apesar de quadrúpedes, poderiam ficar em pé nas patas traseiras, seja para alcançar folhas muito altas, para se exibir em épocas de acasalamento ou para intimidar predadores. Nesse caso eram usadas como tripé, para equilibrar o enorme peso desses animais.
Recentemente algumas pesquisas indicaram que alguns pequenos terópodes possuíam caudas emplumadas. É possível que alguns machos como os de Caudipteryx se exibissem para as fêmeas balançando suas caudas emplumadas e coloridas.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2009
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
sábado, 28 de novembro de 2009
Evoluçao dos Dinossauros
Ao contrário do que muitos imaginam, nem todas as espécies de dinossauros viveram ao mesmo tempo. Durante os 160 milhões de anos em que dominaram o planeta muitas espécies surgiram e muitas desapareceram. Nessa seção você conhecerá um pouco do processo de evolução das espécies e dos grupos de dinossauros ao longo da Era Mesozóica.
Carnívoros
Os primeiros dinossauros eram todos carnívoros. Somente com alguns milhares de anos algumas espécies passaram a preferir uma dieta vegetariana.
Um dos mais antigos dinossauros carnívoros que se tem notícia foi o Herrerasaurus, (abaixo) que viveu no médio Triássico, há cerca de 220 milhões de anos. Com cerca de 5 m de comprimento, era um dos mais formidáveis predadores de seu tempo. Diferente de outros répteis, o Herrerasaurus caminhava nas patas traseiras, o que permitia a utilização dos membros dianteiros para outras tarefas, como por exemplo, agarrar a presa. Acredita-se que dinossauros como esse conseguiam controlar a temperatura corporal, o que trazia vantagens em relação a outros carnívoros.
Ao final do Triássico, há cerca de 205 milhões de anos começam a aparecer dinossauros carnívoros novos e proporcionalmente mais "evoluídos" que o Herrerasaurus. Um desses dinos era o Coelophysis , um animal de 2 m de comprimento, ágil, esperto e inovador. Foi um dos primeiros dinos a viver e caçar em grupos.
Animais como esse pertenciam a um grupo novo de carnívoros, conhecidos como ceratossauros. A partir do Coelophysis novos e mais eficientes ceratossauros apareceram. Um deles era o Syntarsus. Esse dinossauro mais tarde daria origem a outras formas de pequenos predadores, os celurossauros.
Mas alguns ceratossauros resolveram seguir outra estratégia evolutiva. Ficaram maiores e mais poderosos. Um dos primeiros dinossauros carnívoros de grande porte foi o Dilophosaurus. Com quase 7 m de comprimento e pesando cerca de 600 quilos, esse estranho animal dominou a região do Arizona, nos EUA e leste da China há cerca de 190 milhões de anos.
A partir do início do Jurássico novos e aterrorizantes predadores apareceram. Entre os mais mortais estava o Ceratosaurus, um dos raros representantes da linhagem dos ceratossauros. Com cerca de 1 tonelada esse carnívoro era o terror de sua época.
Mas os dias de domínio dos ceratossauros estavam contados. Ao final do Jurássico entram em cena os alossauros, como o Allosaurus e o Saurophaganax , predadores especializados em abater saurópodes e estegossauros. Para isso precisavam trabalhar em grupo.
É possível que estes tenham sido os primeiros grandes carnívoros a caçar em bandos. Mas só o trabalho em equipe não era o suficiente. Os alossauros precisaram também crescer. Animais como o Allosaurus facilmente chegavam às 4 toneladas. Caçando em bandos e sendo os predadores de topo de seu tempo os alossauros foram apropriadamente apelidados de "leões do Jurássico".
Durante o Jurássico não haviam só grandes carnívoros. A partir de animais como o Syntarsus apareceram os celurossauros, pequenos carnívoros do tamanho de galinhas e cachorros. Entre os menores estava o Compsognathus (abaixo), com 60 cm de comprimento. Sua principal dieta era composta de insetos e pequenos lagartos. Acredita-se que complementa-se seu cardápio com carniça.
Outros pequenos celurossauros como o Ornitholestes e o Sinosauropteryx começaram a desenvolver uma nova característica que iria revolucionar o mundo jurássico: as penas.
Acredita-se que animais como esses podem, ainda durante o Jurássico, terem dado origem às primeiras aves. Prova disso é o estranho Archaeopteryx, um pequeno terópode emplumado capaz de voar. Ao final do Jurássico as coisas começaram a mudar, especialmente para os grandes terópodes. Os estegossauros desapareciam e os saurópodes, outra grande fonte de carne, ficavam cada vez maiores e mais difíceis de se abater. Os alossauros, para poder acompanhar as circunstâncias precisaram crescer ainda mais e tornar-se cada vez mais fortes. No início do Cretáceo os alossauros originam os carcarodontossauros, predadore maiores e mais fortes, que também caçavam em grupos, mas eram capazes de matar os maiores saurópodes.
Entre os primeiros dinos dessa nova família estava o estranho Acrocanthosaurus (abaixo). Diferentes de seus primos do hemisfério sul, o Acrocanthosaurus teve de adaptar-se a dietas diferentes, já que, ao contrário da América do Sul e África, os saurópodes eram raros na América do Norte.
Para não desaparecer ele desenvolveu um gosto especial por iguanodontes, que abundavam em seu território. Mas não dispensava o robusto Pleurocoelus, um dos raros saurópodes que ainda sobreviviam nos EUA.
Por ser um dinossauro pouco adaptado a altas velocidades, acredita-se tenha desenvolvido técnicas de caça baseadas em emboscada. Ele aproximava-se cautelosamente da presa. Quando estava bem perto atacava rapidamente, rasgando com seus dentes especiais o couro grosso e arrancando grandes bocados de carne. É possível que, como os atuais dragões-de-Komodo, os carcarodontossauros tivessem grande quantidade de bactérias em sua saliva. Uma única mordida poderia provocar uma grave infecção na vítima, que morriam em questão de horas ou de poucos dias. Este era um método fácil e de poucos riscos, que permitia aos predador conseguir grande quantidade de alimento com um gasto mínimo de energia, sem que este tivesse que temer por sua segurança. Afinal o único trabalho seria o de morder e depois, esperar.
Apesar de relativamente raros no hemisfério norte, mais ao sul os carcarodontossauros tiveram seu auge, alcançando portes impressionantes à medida que suas presas também cresciam. Entre os mais poderosos predadores desse grupo está o Carcharodontosaurus (abaixo), do norte da África, com cerca de 12,5 m de comprimento.
Na América do Sul também abrigou animais desse tipo. Um dos mais célebres e o Giganotosaurus, de 13 m (abaixo).
Uma descoberta mais recente indica a presença de um carcarodontossauro ainda não batizado na Argentina com cerca de 14,5 m de comprimento e prováveis 9 toneladas.
A presença de carcarodontossauros tão parecidos na Argentina, Brasil e norte da África é a prova definitiva de que até cerca de 110 milhões de anos esses dois continentes estiveram unidos e os animais podiam "passear" entre eles livremente.
Ainda no início do Cretáceo observa-se uma diferenciação entre os pequenos celurossauros e o surgimento de novos grupos como o dos dromeossauros ("raptores"), ornitomimossauros (dinossauros onívoros semelhantes a avestruzes), oviraptorssauros ("lagartos ladrões de ovos") e os ancestrais dos espinossauros e tiranossauros.
Um dos mais impressionantes grupos de predadores foi o dos dromeossauros, ou mais popularmente, raptores. Esses animais, em geral de pequeno porte, podem ser comparados com os atuais lobos. Inteligentes, sociáveis, ágeis e letais... essas podem ser algumas de suas definições. Seu tamanho reduzido era compensado por sua incrível capacidade de agir em bandos. Animais como o Deinonychus, do porte de um humano adulto, podiam derrubam grandes iguanodontes como o Tenontosaurus, de mais de 2 toneladas.
No que se refere ao tamanho, a única exceção à regra era o enorme Utahraptor (abaixo). Com cerca de 7 m de comprimento e 500 quilos, esse grande carnívoro caçava animais como o Iguanodon, herbívoro de 4 toneladas. Os dromeossauros foram bem sucedidos até o final do Cretáceo.
Há cerca de 110 milhões de anos, apesar de ainda muitos carcarodontossauros, novos e interessantes dinossauros carnívoros apareciam.
Entre os mais exóticos estavam os espinossauros, dinossauros de focinhos longos e braços fortes. Não se sabe exatamente quem deu origem a eles. Muitos acreditam que exista uma relação entre espinossauros e animais como o Coelophysis. O formato dos focinhos e dentes indicam que esses animais baseavam sua dieta em peixes. Sabe-se que nesse período haviam grandes peixes dipnóicos de 2 m de comprimento, que poderiam ser ótimas fontes de alimento. Imagine um lago há 110 milhões de anos. Um enorme Spinosaurus (abaixo) aguarda na margem que um peixe desavisado passe por ele. Como um raio o carnívoro lança seu focinho na água. Com seus dentes apropriados ele o apanha. Usando as garras enormes em forma de anzol o Spinosaurus segura o peixe, enquanto os dentes o desmantelam.
Não se descarta a hipótese de que tais animais também complementassem sua dieta comendo carcaças de saurópodes deixadas pelos ferozes carcarodontossauros. Seus longos focinhos e pescoços podem ter sido úteis para afundar-se na carcaça. Também é possível que usassem seus fortes braços e longas garras como arma para derrubar herbívoros como os iguanodontes, comuns na época. Alguns cientistas acreditam que os longos braços permitiam que os espinossauros caminhassem também nas quatro patas. Se isso for verdade então este seria o primeiro caso de um dinossauro carnívoro capaz de caminhar em duas ou quatro patas.
Os espinossauros foram típicos apenas do Cretáceo Médio. O registro fóssil desses animais desaparece há cerca de 90 milhões de anos. Até onde sabemos a maioria deles viveu no Hemisfério Sul (América do Sul e África), mas existem casos de espinossauros na Europa e Ásia. A partir de 90 milhões de anos nota-se o início do declínio dos carcarodontossauros. À medida que suas presas começavam a desaparecer, esses poderosos predadores tinham dificuldade para apanhar animais menores e mais ágeis.
Nessa mesma época começa a ascensão dos primeiros tiranossauros no Hemisfério Norte e dos abelissauros no Hemisfério Sul. Os dois grupos eram representados por grandes carnívoros de pernas longas, cabeças grandes e pescoços curtos, além de membros anteriores extremamente reduzidos. Os abelissauros do sul tinham crânios bem característicos e eram adaptados para velocidade. Entre os mais famosos está o Abelisaurus (ao lado) e o Carnotaurus.
Acredita-se que também relacionados com os abelissauros estão os noassauros, dinossauros que por muito tempo foram confundidos com os dromeossauros, especialmente por seu estilo e suas garras curvadas nos pés. Hoje considera-se que entre esses dois grupos (noassauros e dromeossauros) existe um caso de evolução convergente. Entre os noassauros o mais temido provavelmente era o Megaraptor (ao lado), semelhante a um grande dromeossauro, tinha 8 m de comprimento.
Os tiranossauros, os mais famosos entre os grandes carnívoros, só apareceram nos últimos 15 milhões de anos do Cretáceo. Originários da Ásia, chegaram através do Estreito de Bering ao oeste da América do Norte. Não há conhecimento desses animais no Hemisfério Sul. São caracterizados por terem crânios enormes, com olhos frontais e mandíbulas muito fortes. Em contrapartida seus membros anteriores eram muito curtos e munidos de apenas 2 dedos. Alimentavam-se principalmente dos hadrossauros e ceratopsianos, comuns nesse período. Mas existe uma grande discussão entre os paleontólogos a respeito da maneira como eles conseguiam seu alimento. Alguns defendem a idéia de que eram apenas carniceiros. Outros acreditam que eram eficientes predadores. O mais provável é que fossem um pouco dos dois, dependendo da ocasião.
Entre os mais famosos dinossauros desse tipo estão o Tyrannosaurus, Albertosaurus (abaixo) e Daspletosaurus .
Também ao final do Cretáceo um interessante grupo de predadores pequenos evoluiu. Tendo seus ancestrais entre os dromeossauros, os troodontes eram um pouco menores e mais esbeltos que seus antepassados. Ainda tinham garras curvas nos pés, mas eram menores. Diferentes dos raptores, preferiam uma vida mais solitária.
Seus olhos grandes indicam um animal de hábitos noturnos. Suas principais presas eram pequenos mamíferos que se esgueiravam entre as folhagens durante as noites do Cretáceo. Outras características interessantes desses animais são os cérebros grandes, que indicam grande inteligência, e a presença de dedos opositores nas mãos, muito úteis para agarrar suas pequenas e ágeis presas. Entre os mais marcantes troodontes estão o Troodon e o Saurornithoides . Também só foram encontrados no Hemisfério Norte.
Herbívoros
Apesar dos primeiros dinossauros serem carnívoros, algumas espécies mudaram sua dieta e passaram a ser herbívoras e, em alguns casos, onívoras. Um dos primeiros dinos herbívoros foi o Pisanosaurus. Pouco se sabe a seu respeito. Tinha pouco mais de 1 m de comprimento e viveu há cerca de 210 milhões de anos. A partir dele evoluíram animais de diferentes formas e tamanhos.
Entre os primeiros estão os prossaurópodes, como o Plateosaurus . Podiam andar tanto em duas quanto e quatro patas. Sua dentição era específica para alimentarem-se de folhas e ramos. Eram os maiores dinos de sua época. Alguns podia pesar cerca de 6 toneladas e ter 12 metros de comprimento. Em suas patas dianteiras haviam garras que tanto podiam ajudar a arrancar folhas como eram ótimos meios de defesa.
Outro grupo que se desenvolveu no final do Triássico foi o dos heterodontossauros. Esses pequenos herbívoros bípedes têm seu nome derivado de sua característica dentição. Diferente de outros dinos, seus dentes eram diferenciados em molares e caninos, Na parte da frente da boca possuíam um bico córneo. Acredita-se que os caninos eram usados para defesa.
A partir do início do Jurássico apareceram alguns novos prossaurópodes, maiores e totalmente quadrúpedes. Esses animais mais tarde dariam origem aos maiores dinossauros de todos os tempos, os saurópodes.
Ao mesmo tempo estranhos herbívoros com calombos no dorso se preparavam para dar origem aos estegossauros.
Os primeiros saurópodes apareceram há cerca de 200 milhões de anos. A partir daí se diferenciaram em várias famílias, que tinham características próprias. Mas todos dividiam características básicas tais como: corpos grandes e pescoços longos, terminados em pequenas cabeças, caudas também longas e 4 patas em forma de pilar.
O Jurássico foi o auge dos saurópodes. Diferentes tipos apareceram, mas os grupos dominantes foram o dos diplodocídeos, como o Diplodocus (abaixo), o dos braquiossaurídeos, como o Brachiosaurus (abaixo) e o dos camarassaurídeos.
Os primeiros estegossauros apareceram no médio Jurássico, há cerca de 160 milhões de anos. Tinham cabeça pequena e corpo volumoso. No dorso tinham placas ósseas que variam e forma e tamanho de acordo com a espécie. Na cauda tinham 2 ou mais pares de espigões pontudos. Sua dentição fraca permitia-lhes apenas comer folhas macias. Entre os mais famosos desse grupo está o Stegosaurus (abaixo).
Mas não havia só herbívoros gigantes durante o Jurássico. Os hipsilofodontes representavam os baixinhos da época. Esses pequenos ornitópodes já foram encontrados em todas as partes do mundo. Conhecidos por serem eram velozes, esses animais provavelmente evitavam os perigos fugindo o mais rápido possível. Seus grandes olhos na cabeça indicam boa visão. Entre os mais famosos está o Dryosaurus e o Othnielia (abaixo).
Ao final do Jurássico nota-se um grande declínio entre os saurópodes e estegossauros. O clima estava mudando e a vegetação também. Esses enormes herbívoros tiveram dificuldade em se adaptar a nova situação e começaram a desaparecer. Os estegossauros no início do Cretáceo estavam praticamente extintos, mas dois grupos de saurópodes resistiram. Eram os dicreossauros e os titanossauros.
No hemisfério norte os ornitópodes evoluíram e originaram um novo grupo, o dos iguanodontes. Esses bípedes-quadrúpedes de até 4 toneladas tinham um aparelho de mastigação muito mais desenvolvido. Na frente da boca tinham um bico córneo que cortava as plantas, enquanto que os dentes traseiros, aliados a potentes músculos de mastigação maceravam até as folhas mais duras. Essa característica permitia aos iguanodontes comer qualquer tipo de vegetação. Assim puderam se espalhar por todo o globo. Por serem tão bem-sucedidos acabaram ocupando o lugar de outros herbívoros.
Aparentemente na América Meridional e sul da África a forma herbívora dominante era a dos saurópodes titanossaurídeos e dicreossaurídeos. Da primeira família destaca-se o gigantesco Argentinosaurus (abaixo), um dos maiores dinossauros de todos os tempos.
Entre os dicreossaurídeos o mais famoso é o estranho Amargasaurus, um saurópode de barbatana de 12 metros de comprimento .
Os hadrossauros evoluíram dos iguanodontes, dos quais herdaram muitas das características. Apareceram no final do Cretáceo, há cerca de 85 milhões de anos. Já não tinham o característico esporão no lugar do polegar como seus ancestrais mas ainda eram bípedes - quadrúpedes. Ocupando o lugar de seus antecessores tornaramse por algum tempo os herbívoros dominantes.
Levando em conta o formato da cabeça são divididos em 2 grupos: hadrossauróides, (sem crista e com focinhos largos, como o Anatotitan) e os lambeossauróides ( com crista e focinhos estreitos, como o Parasaurolophus
Ainda no final do Jurássico, da mesma linhagem evolutiva que deu origem aos estegossauros surge um novo grupo de dinossauros blindados.
São os anquilossauros. Parecidos com enormes tatus são divididos em 2 grupos: nodossauróides (mais primitivos e de cauda sem porrete) e anquilossauróides (cauda com porrete).
Apesar de relativamente raros, os anquilossauros sobreviveram até o final do Cretáceo, há cerca de 65 milhões de anos.
Outra linhagem evolutiva que apareceu no final do Cretáceo foi a dos marginocéfalos. A partir dos ancestrais de 110 milhões de anos evoluíram 2 grupos: os paquicefalossauros e os ceratópsios. Os primeiros tinham cabeças espessas para provavelmente usá-las em disputas por fêmeas ou pela liderança do bando. Dividem-se em 2 grupos: paquicefalossauróides, de cabeça mais espessa e arredondada; e homalocefalóides, de cabeça achatada e menos espessa.
Na Ásia, há cerca de 100 milhões de anos surgem os primeiros psitacossauros, dinossauros com bico parecido com o de um papagaio. Alguns milhões de anos depois esses animais originam os protoceratopsianos, os ancestrais dos grandes dinos de cornos do Cretáceo.
Esses primeiros animais ainda não tinham cornos, mas já possuíam a gorjeia óssea característica, como o Microceratops abaixo.
Ao final do Cretáceo no hemisfério norte a paisagem estava dividida entre dois grupos de vegetarianos: os hadrossauros e os ceratopsianos.
Estes últimos são os dinossauros com cornos. Esses cornos, juntamente com as gorjeias, variavam em forma e tamanho de acordo com a espécie e são tidos como referência para dividí-los em 2 grupos: os centrossauróides, de gorjeia curta, chifres orbitais curtos e um chifre nasal longo; e os chasmossauróides, de gorjeia longa, chifre nasal curto e grandes chifres orbitais.
Onívoros
O conceito de um animal onívoro é bastante controverso. Na linguagem da Ecologia, um onívoro é aquele que se alimenta de organismos de mais de um nível trófico. Mas a maioria de nós entende que um onívoro é aquele animal que se alimenta tanto de outros animais como de vegetais. Nessa seção utilizarei o segundo conceito, mais conhecido.
No que se refere aos dinossauros onívoros, pouco se sabe sobre sua evolução. Os mais antigos registros de dinossauros desse tipo datam do início do Jurássico, há cerca de 190 milhões de anos. Um dos primeiros dinos onívoros era o Elaphrosaurus . Do tamanho de um peru essa criatura tinha uma dentição que lhe permitia tanto comer carne quanto vegetais. Acredita-se que sua dieta se baseava em pequenos lagartos, insetos e folhas.
Após o Elaphrosaurus os registros de onívoros ficaram sem preenchimento até o médio Cretáceo, há cerca de 100 milhões de anos. Nesse período aparecem 3 novos grupos de dinos onívoros.
O primeiro dele era o dos ornitomimossauros, criaturas muito parecidas com avestruzes, capazes de correr há grandes velocidades. Seu bico desdentado indica uma dieta variada. Podiam comer pequenos lagartos, mamíferos e ovos. Mas não dispensavam folhas e frutas frescas.
O segundo grupo corresponde ao dos oviraptorssauros. Também com aparência de aves, esses estranhos animais, típicos do hemisfério norte, se especializaram em comer ovos. Com seu bico poderoso eles partiam a casca grossa e lambiam seu conteúdo. Mas eles não viviam só de ovos. Acredita-se que o bico também era útil para partir ossos e quebrar cascas de nozes. Sendo assim é provável que os oviraptorssauros fossem onívoros.
O último e mais estranho grupo de dinos onívoros era o dos terizinossauros. Até hoje pouco se sabe sobre seus hábitos. Sabe-se que esses animais evoluíram de ancestrais predadores, mas ao longo do tempo mudaram sua dieta. Sua dentição indica que a maior parte do tempo comiam folhas e frutos das árvores. Mas muitos especialistas apontam que os terizinossauros complementavam sua alimentação com pequenos mamíferos e lagartos. Algumas análises comparativas demonstraram que as enormes garras dos terizinos assemelhavam-se muito com as dos tamanduás e aardwarks, animais especializados em alimentar-se de cupins e formigas.
A partir dessa análise alguns especialistas concluíram que os terizinossauros complementassem sua dieta com cupins e formigas. Suas garras poderosas eram usadas para escavar e desmembrar cupinzeiros e formigueiros. Talvez os terizinos tivessem línguas protráteis alongadas, que seriam úteis para apanhar os insetos dentro do ninho. É provável que os terizinos se alimentasse de vários quilos de insetos para poderem se satisfazer.
Carnívoros
Os primeiros dinossauros eram todos carnívoros. Somente com alguns milhares de anos algumas espécies passaram a preferir uma dieta vegetariana.
Um dos mais antigos dinossauros carnívoros que se tem notícia foi o Herrerasaurus, (abaixo) que viveu no médio Triássico, há cerca de 220 milhões de anos. Com cerca de 5 m de comprimento, era um dos mais formidáveis predadores de seu tempo. Diferente de outros répteis, o Herrerasaurus caminhava nas patas traseiras, o que permitia a utilização dos membros dianteiros para outras tarefas, como por exemplo, agarrar a presa. Acredita-se que dinossauros como esse conseguiam controlar a temperatura corporal, o que trazia vantagens em relação a outros carnívoros.
Ao final do Triássico, há cerca de 205 milhões de anos começam a aparecer dinossauros carnívoros novos e proporcionalmente mais "evoluídos" que o Herrerasaurus. Um desses dinos era o Coelophysis , um animal de 2 m de comprimento, ágil, esperto e inovador. Foi um dos primeiros dinos a viver e caçar em grupos.
Animais como esse pertenciam a um grupo novo de carnívoros, conhecidos como ceratossauros. A partir do Coelophysis novos e mais eficientes ceratossauros apareceram. Um deles era o Syntarsus. Esse dinossauro mais tarde daria origem a outras formas de pequenos predadores, os celurossauros.
Mas alguns ceratossauros resolveram seguir outra estratégia evolutiva. Ficaram maiores e mais poderosos. Um dos primeiros dinossauros carnívoros de grande porte foi o Dilophosaurus. Com quase 7 m de comprimento e pesando cerca de 600 quilos, esse estranho animal dominou a região do Arizona, nos EUA e leste da China há cerca de 190 milhões de anos.
A partir do início do Jurássico novos e aterrorizantes predadores apareceram. Entre os mais mortais estava o Ceratosaurus, um dos raros representantes da linhagem dos ceratossauros. Com cerca de 1 tonelada esse carnívoro era o terror de sua época.
Mas os dias de domínio dos ceratossauros estavam contados. Ao final do Jurássico entram em cena os alossauros, como o Allosaurus e o Saurophaganax , predadores especializados em abater saurópodes e estegossauros. Para isso precisavam trabalhar em grupo.
É possível que estes tenham sido os primeiros grandes carnívoros a caçar em bandos. Mas só o trabalho em equipe não era o suficiente. Os alossauros precisaram também crescer. Animais como o Allosaurus facilmente chegavam às 4 toneladas. Caçando em bandos e sendo os predadores de topo de seu tempo os alossauros foram apropriadamente apelidados de "leões do Jurássico".
Durante o Jurássico não haviam só grandes carnívoros. A partir de animais como o Syntarsus apareceram os celurossauros, pequenos carnívoros do tamanho de galinhas e cachorros. Entre os menores estava o Compsognathus (abaixo), com 60 cm de comprimento. Sua principal dieta era composta de insetos e pequenos lagartos. Acredita-se que complementa-se seu cardápio com carniça.
Outros pequenos celurossauros como o Ornitholestes e o Sinosauropteryx começaram a desenvolver uma nova característica que iria revolucionar o mundo jurássico: as penas.
Acredita-se que animais como esses podem, ainda durante o Jurássico, terem dado origem às primeiras aves. Prova disso é o estranho Archaeopteryx, um pequeno terópode emplumado capaz de voar. Ao final do Jurássico as coisas começaram a mudar, especialmente para os grandes terópodes. Os estegossauros desapareciam e os saurópodes, outra grande fonte de carne, ficavam cada vez maiores e mais difíceis de se abater. Os alossauros, para poder acompanhar as circunstâncias precisaram crescer ainda mais e tornar-se cada vez mais fortes. No início do Cretáceo os alossauros originam os carcarodontossauros, predadore maiores e mais fortes, que também caçavam em grupos, mas eram capazes de matar os maiores saurópodes.
Entre os primeiros dinos dessa nova família estava o estranho Acrocanthosaurus (abaixo). Diferentes de seus primos do hemisfério sul, o Acrocanthosaurus teve de adaptar-se a dietas diferentes, já que, ao contrário da América do Sul e África, os saurópodes eram raros na América do Norte.
Para não desaparecer ele desenvolveu um gosto especial por iguanodontes, que abundavam em seu território. Mas não dispensava o robusto Pleurocoelus, um dos raros saurópodes que ainda sobreviviam nos EUA.
Por ser um dinossauro pouco adaptado a altas velocidades, acredita-se tenha desenvolvido técnicas de caça baseadas em emboscada. Ele aproximava-se cautelosamente da presa. Quando estava bem perto atacava rapidamente, rasgando com seus dentes especiais o couro grosso e arrancando grandes bocados de carne. É possível que, como os atuais dragões-de-Komodo, os carcarodontossauros tivessem grande quantidade de bactérias em sua saliva. Uma única mordida poderia provocar uma grave infecção na vítima, que morriam em questão de horas ou de poucos dias. Este era um método fácil e de poucos riscos, que permitia aos predador conseguir grande quantidade de alimento com um gasto mínimo de energia, sem que este tivesse que temer por sua segurança. Afinal o único trabalho seria o de morder e depois, esperar.
Apesar de relativamente raros no hemisfério norte, mais ao sul os carcarodontossauros tiveram seu auge, alcançando portes impressionantes à medida que suas presas também cresciam. Entre os mais poderosos predadores desse grupo está o Carcharodontosaurus (abaixo), do norte da África, com cerca de 12,5 m de comprimento.
Na América do Sul também abrigou animais desse tipo. Um dos mais célebres e o Giganotosaurus, de 13 m (abaixo).
Uma descoberta mais recente indica a presença de um carcarodontossauro ainda não batizado na Argentina com cerca de 14,5 m de comprimento e prováveis 9 toneladas.
A presença de carcarodontossauros tão parecidos na Argentina, Brasil e norte da África é a prova definitiva de que até cerca de 110 milhões de anos esses dois continentes estiveram unidos e os animais podiam "passear" entre eles livremente.
Ainda no início do Cretáceo observa-se uma diferenciação entre os pequenos celurossauros e o surgimento de novos grupos como o dos dromeossauros ("raptores"), ornitomimossauros (dinossauros onívoros semelhantes a avestruzes), oviraptorssauros ("lagartos ladrões de ovos") e os ancestrais dos espinossauros e tiranossauros.
Um dos mais impressionantes grupos de predadores foi o dos dromeossauros, ou mais popularmente, raptores. Esses animais, em geral de pequeno porte, podem ser comparados com os atuais lobos. Inteligentes, sociáveis, ágeis e letais... essas podem ser algumas de suas definições. Seu tamanho reduzido era compensado por sua incrível capacidade de agir em bandos. Animais como o Deinonychus, do porte de um humano adulto, podiam derrubam grandes iguanodontes como o Tenontosaurus, de mais de 2 toneladas.
No que se refere ao tamanho, a única exceção à regra era o enorme Utahraptor (abaixo). Com cerca de 7 m de comprimento e 500 quilos, esse grande carnívoro caçava animais como o Iguanodon, herbívoro de 4 toneladas. Os dromeossauros foram bem sucedidos até o final do Cretáceo.
Há cerca de 110 milhões de anos, apesar de ainda muitos carcarodontossauros, novos e interessantes dinossauros carnívoros apareciam.
Entre os mais exóticos estavam os espinossauros, dinossauros de focinhos longos e braços fortes. Não se sabe exatamente quem deu origem a eles. Muitos acreditam que exista uma relação entre espinossauros e animais como o Coelophysis. O formato dos focinhos e dentes indicam que esses animais baseavam sua dieta em peixes. Sabe-se que nesse período haviam grandes peixes dipnóicos de 2 m de comprimento, que poderiam ser ótimas fontes de alimento. Imagine um lago há 110 milhões de anos. Um enorme Spinosaurus (abaixo) aguarda na margem que um peixe desavisado passe por ele. Como um raio o carnívoro lança seu focinho na água. Com seus dentes apropriados ele o apanha. Usando as garras enormes em forma de anzol o Spinosaurus segura o peixe, enquanto os dentes o desmantelam.
Não se descarta a hipótese de que tais animais também complementassem sua dieta comendo carcaças de saurópodes deixadas pelos ferozes carcarodontossauros. Seus longos focinhos e pescoços podem ter sido úteis para afundar-se na carcaça. Também é possível que usassem seus fortes braços e longas garras como arma para derrubar herbívoros como os iguanodontes, comuns na época. Alguns cientistas acreditam que os longos braços permitiam que os espinossauros caminhassem também nas quatro patas. Se isso for verdade então este seria o primeiro caso de um dinossauro carnívoro capaz de caminhar em duas ou quatro patas.
Os espinossauros foram típicos apenas do Cretáceo Médio. O registro fóssil desses animais desaparece há cerca de 90 milhões de anos. Até onde sabemos a maioria deles viveu no Hemisfério Sul (América do Sul e África), mas existem casos de espinossauros na Europa e Ásia. A partir de 90 milhões de anos nota-se o início do declínio dos carcarodontossauros. À medida que suas presas começavam a desaparecer, esses poderosos predadores tinham dificuldade para apanhar animais menores e mais ágeis.
Nessa mesma época começa a ascensão dos primeiros tiranossauros no Hemisfério Norte e dos abelissauros no Hemisfério Sul. Os dois grupos eram representados por grandes carnívoros de pernas longas, cabeças grandes e pescoços curtos, além de membros anteriores extremamente reduzidos. Os abelissauros do sul tinham crânios bem característicos e eram adaptados para velocidade. Entre os mais famosos está o Abelisaurus (ao lado) e o Carnotaurus.
Acredita-se que também relacionados com os abelissauros estão os noassauros, dinossauros que por muito tempo foram confundidos com os dromeossauros, especialmente por seu estilo e suas garras curvadas nos pés. Hoje considera-se que entre esses dois grupos (noassauros e dromeossauros) existe um caso de evolução convergente. Entre os noassauros o mais temido provavelmente era o Megaraptor (ao lado), semelhante a um grande dromeossauro, tinha 8 m de comprimento.
Os tiranossauros, os mais famosos entre os grandes carnívoros, só apareceram nos últimos 15 milhões de anos do Cretáceo. Originários da Ásia, chegaram através do Estreito de Bering ao oeste da América do Norte. Não há conhecimento desses animais no Hemisfério Sul. São caracterizados por terem crânios enormes, com olhos frontais e mandíbulas muito fortes. Em contrapartida seus membros anteriores eram muito curtos e munidos de apenas 2 dedos. Alimentavam-se principalmente dos hadrossauros e ceratopsianos, comuns nesse período. Mas existe uma grande discussão entre os paleontólogos a respeito da maneira como eles conseguiam seu alimento. Alguns defendem a idéia de que eram apenas carniceiros. Outros acreditam que eram eficientes predadores. O mais provável é que fossem um pouco dos dois, dependendo da ocasião.
Entre os mais famosos dinossauros desse tipo estão o Tyrannosaurus, Albertosaurus (abaixo) e Daspletosaurus .
Também ao final do Cretáceo um interessante grupo de predadores pequenos evoluiu. Tendo seus ancestrais entre os dromeossauros, os troodontes eram um pouco menores e mais esbeltos que seus antepassados. Ainda tinham garras curvas nos pés, mas eram menores. Diferentes dos raptores, preferiam uma vida mais solitária.
Seus olhos grandes indicam um animal de hábitos noturnos. Suas principais presas eram pequenos mamíferos que se esgueiravam entre as folhagens durante as noites do Cretáceo. Outras características interessantes desses animais são os cérebros grandes, que indicam grande inteligência, e a presença de dedos opositores nas mãos, muito úteis para agarrar suas pequenas e ágeis presas. Entre os mais marcantes troodontes estão o Troodon e o Saurornithoides . Também só foram encontrados no Hemisfério Norte.
Herbívoros
Apesar dos primeiros dinossauros serem carnívoros, algumas espécies mudaram sua dieta e passaram a ser herbívoras e, em alguns casos, onívoras. Um dos primeiros dinos herbívoros foi o Pisanosaurus. Pouco se sabe a seu respeito. Tinha pouco mais de 1 m de comprimento e viveu há cerca de 210 milhões de anos. A partir dele evoluíram animais de diferentes formas e tamanhos.
Entre os primeiros estão os prossaurópodes, como o Plateosaurus . Podiam andar tanto em duas quanto e quatro patas. Sua dentição era específica para alimentarem-se de folhas e ramos. Eram os maiores dinos de sua época. Alguns podia pesar cerca de 6 toneladas e ter 12 metros de comprimento. Em suas patas dianteiras haviam garras que tanto podiam ajudar a arrancar folhas como eram ótimos meios de defesa.
Outro grupo que se desenvolveu no final do Triássico foi o dos heterodontossauros. Esses pequenos herbívoros bípedes têm seu nome derivado de sua característica dentição. Diferente de outros dinos, seus dentes eram diferenciados em molares e caninos, Na parte da frente da boca possuíam um bico córneo. Acredita-se que os caninos eram usados para defesa.
A partir do início do Jurássico apareceram alguns novos prossaurópodes, maiores e totalmente quadrúpedes. Esses animais mais tarde dariam origem aos maiores dinossauros de todos os tempos, os saurópodes.
Ao mesmo tempo estranhos herbívoros com calombos no dorso se preparavam para dar origem aos estegossauros.
Os primeiros saurópodes apareceram há cerca de 200 milhões de anos. A partir daí se diferenciaram em várias famílias, que tinham características próprias. Mas todos dividiam características básicas tais como: corpos grandes e pescoços longos, terminados em pequenas cabeças, caudas também longas e 4 patas em forma de pilar.
O Jurássico foi o auge dos saurópodes. Diferentes tipos apareceram, mas os grupos dominantes foram o dos diplodocídeos, como o Diplodocus (abaixo), o dos braquiossaurídeos, como o Brachiosaurus (abaixo) e o dos camarassaurídeos.
Os primeiros estegossauros apareceram no médio Jurássico, há cerca de 160 milhões de anos. Tinham cabeça pequena e corpo volumoso. No dorso tinham placas ósseas que variam e forma e tamanho de acordo com a espécie. Na cauda tinham 2 ou mais pares de espigões pontudos. Sua dentição fraca permitia-lhes apenas comer folhas macias. Entre os mais famosos desse grupo está o Stegosaurus (abaixo).
Mas não havia só herbívoros gigantes durante o Jurássico. Os hipsilofodontes representavam os baixinhos da época. Esses pequenos ornitópodes já foram encontrados em todas as partes do mundo. Conhecidos por serem eram velozes, esses animais provavelmente evitavam os perigos fugindo o mais rápido possível. Seus grandes olhos na cabeça indicam boa visão. Entre os mais famosos está o Dryosaurus e o Othnielia (abaixo).
Ao final do Jurássico nota-se um grande declínio entre os saurópodes e estegossauros. O clima estava mudando e a vegetação também. Esses enormes herbívoros tiveram dificuldade em se adaptar a nova situação e começaram a desaparecer. Os estegossauros no início do Cretáceo estavam praticamente extintos, mas dois grupos de saurópodes resistiram. Eram os dicreossauros e os titanossauros.
No hemisfério norte os ornitópodes evoluíram e originaram um novo grupo, o dos iguanodontes. Esses bípedes-quadrúpedes de até 4 toneladas tinham um aparelho de mastigação muito mais desenvolvido. Na frente da boca tinham um bico córneo que cortava as plantas, enquanto que os dentes traseiros, aliados a potentes músculos de mastigação maceravam até as folhas mais duras. Essa característica permitia aos iguanodontes comer qualquer tipo de vegetação. Assim puderam se espalhar por todo o globo. Por serem tão bem-sucedidos acabaram ocupando o lugar de outros herbívoros.
Aparentemente na América Meridional e sul da África a forma herbívora dominante era a dos saurópodes titanossaurídeos e dicreossaurídeos. Da primeira família destaca-se o gigantesco Argentinosaurus (abaixo), um dos maiores dinossauros de todos os tempos.
Entre os dicreossaurídeos o mais famoso é o estranho Amargasaurus, um saurópode de barbatana de 12 metros de comprimento .
Os hadrossauros evoluíram dos iguanodontes, dos quais herdaram muitas das características. Apareceram no final do Cretáceo, há cerca de 85 milhões de anos. Já não tinham o característico esporão no lugar do polegar como seus ancestrais mas ainda eram bípedes - quadrúpedes. Ocupando o lugar de seus antecessores tornaramse por algum tempo os herbívoros dominantes.
Levando em conta o formato da cabeça são divididos em 2 grupos: hadrossauróides, (sem crista e com focinhos largos, como o Anatotitan) e os lambeossauróides ( com crista e focinhos estreitos, como o Parasaurolophus
Ainda no final do Jurássico, da mesma linhagem evolutiva que deu origem aos estegossauros surge um novo grupo de dinossauros blindados.
São os anquilossauros. Parecidos com enormes tatus são divididos em 2 grupos: nodossauróides (mais primitivos e de cauda sem porrete) e anquilossauróides (cauda com porrete).
Apesar de relativamente raros, os anquilossauros sobreviveram até o final do Cretáceo, há cerca de 65 milhões de anos.
Outra linhagem evolutiva que apareceu no final do Cretáceo foi a dos marginocéfalos. A partir dos ancestrais de 110 milhões de anos evoluíram 2 grupos: os paquicefalossauros e os ceratópsios. Os primeiros tinham cabeças espessas para provavelmente usá-las em disputas por fêmeas ou pela liderança do bando. Dividem-se em 2 grupos: paquicefalossauróides, de cabeça mais espessa e arredondada; e homalocefalóides, de cabeça achatada e menos espessa.
Na Ásia, há cerca de 100 milhões de anos surgem os primeiros psitacossauros, dinossauros com bico parecido com o de um papagaio. Alguns milhões de anos depois esses animais originam os protoceratopsianos, os ancestrais dos grandes dinos de cornos do Cretáceo.
Esses primeiros animais ainda não tinham cornos, mas já possuíam a gorjeia óssea característica, como o Microceratops abaixo.
Ao final do Cretáceo no hemisfério norte a paisagem estava dividida entre dois grupos de vegetarianos: os hadrossauros e os ceratopsianos.
Estes últimos são os dinossauros com cornos. Esses cornos, juntamente com as gorjeias, variavam em forma e tamanho de acordo com a espécie e são tidos como referência para dividí-los em 2 grupos: os centrossauróides, de gorjeia curta, chifres orbitais curtos e um chifre nasal longo; e os chasmossauróides, de gorjeia longa, chifre nasal curto e grandes chifres orbitais.
Onívoros
O conceito de um animal onívoro é bastante controverso. Na linguagem da Ecologia, um onívoro é aquele que se alimenta de organismos de mais de um nível trófico. Mas a maioria de nós entende que um onívoro é aquele animal que se alimenta tanto de outros animais como de vegetais. Nessa seção utilizarei o segundo conceito, mais conhecido.
No que se refere aos dinossauros onívoros, pouco se sabe sobre sua evolução. Os mais antigos registros de dinossauros desse tipo datam do início do Jurássico, há cerca de 190 milhões de anos. Um dos primeiros dinos onívoros era o Elaphrosaurus . Do tamanho de um peru essa criatura tinha uma dentição que lhe permitia tanto comer carne quanto vegetais. Acredita-se que sua dieta se baseava em pequenos lagartos, insetos e folhas.
Após o Elaphrosaurus os registros de onívoros ficaram sem preenchimento até o médio Cretáceo, há cerca de 100 milhões de anos. Nesse período aparecem 3 novos grupos de dinos onívoros.
O primeiro dele era o dos ornitomimossauros, criaturas muito parecidas com avestruzes, capazes de correr há grandes velocidades. Seu bico desdentado indica uma dieta variada. Podiam comer pequenos lagartos, mamíferos e ovos. Mas não dispensavam folhas e frutas frescas.
O segundo grupo corresponde ao dos oviraptorssauros. Também com aparência de aves, esses estranhos animais, típicos do hemisfério norte, se especializaram em comer ovos. Com seu bico poderoso eles partiam a casca grossa e lambiam seu conteúdo. Mas eles não viviam só de ovos. Acredita-se que o bico também era útil para partir ossos e quebrar cascas de nozes. Sendo assim é provável que os oviraptorssauros fossem onívoros.
O último e mais estranho grupo de dinos onívoros era o dos terizinossauros. Até hoje pouco se sabe sobre seus hábitos. Sabe-se que esses animais evoluíram de ancestrais predadores, mas ao longo do tempo mudaram sua dieta. Sua dentição indica que a maior parte do tempo comiam folhas e frutos das árvores. Mas muitos especialistas apontam que os terizinossauros complementavam sua alimentação com pequenos mamíferos e lagartos. Algumas análises comparativas demonstraram que as enormes garras dos terizinos assemelhavam-se muito com as dos tamanduás e aardwarks, animais especializados em alimentar-se de cupins e formigas.
A partir dessa análise alguns especialistas concluíram que os terizinossauros complementassem sua dieta com cupins e formigas. Suas garras poderosas eram usadas para escavar e desmembrar cupinzeiros e formigueiros. Talvez os terizinos tivessem línguas protráteis alongadas, que seriam úteis para apanhar os insetos dentro do ninho. É provável que os terizinos se alimentasse de vários quilos de insetos para poderem se satisfazer.
Crânios
Muitos dinossauros ao longo da evolução desenvolveram estranhas estruturas em seus crânios. Sua função ainda é um mistério mas os paleontólogo há anos estão tentando decifrar o misterioso código dos crânios ornamentados.
Um dos primeiros dinossauros a apresentar alguma ornamentação craniana foi o Dilophosaurus. Esse carnívoro de 7 m de comprimento e 600 quilos viveu no início do Jurássico, há cerca de 190 milhões de anos. No topo de seu crânio existiam duas cristas em, vistas de frente, formavam um "V". Sua fragilidade descarta a possibilidade de servir de arma. Alguns paleontólogos acreditam que esses animais poderiam utilizar as cristas para intimidação. Algumas descobertas indicam que existia uma diferença de tamanho entre as cristas de machos e fêmeas, sendo as delas menores. Isso pode ser um indício de que a crista também poderiam servir como atrativo sexual, sendo utilizada pelo macho para conquistar fêmeas.
Na mesma época, mas no outro extremo do mundo viviam um outro carnívoro de porte semelhante ao do Dilophosaurus, com uma crista também bastante exótica. O Cryolophosaurus provavelmente usava sua estranha crista de maneira semelhante à do Dilophosaurus.
O Carnotaurus e o Ceratosaurus (abaixo) possuíam pequenos cornos no alto da cabeça. Inicialmente acreditou-se que poderiam ser usados para matar suas presas. Hoje porém acredita-se que pode ter tido função semelhante às dos carnívoros citados anteriormente.
Até mesmo dinossauros famosos como Allosaurus, Spinosaurus e Baryonyx tinham pequenas elevações no alto da cabeça, que podem ter sido apenas para ostentação.
Entre os pequenos terópodes, como o Oviraptor, a crista estava presente apenas nos machos. As fêmeas apenas apresentavam um pequeno calombo na ponta do bico. Nessa espécie a crista é um forte indicador de dimorfismo sexual.
Entre os vegetarianos destacam-se as cristas exóticas dos hadrossauros, ou dinossauros de bico-de-pato. Animais como o Parasaurolophus tinham longas cristas tubulares, ocas por dentro. Acredita-se que funcionavam como câmaras de ressonância, que amplificavam os sons emitidos por esses animais. Reconstruções em laboratório e programas de computador levaram os cientistas a conhecer o provável som emitido por esses animais. Semelhante a uma trombeta, diferia entre machos e fêmeas. Os machos, de cristas longas e quase retas emitiam sons muito altos e mais agudos, enquanto que as fêmeas, de cristas curtas e curvadas, emitiam sons baixos e graves.
Outras espécies de hadrossauros, com cristas de diferentes formatos provavelmente emitiam sons diversos. Alguns acreditam que essas diferenças eram cruciais para esses animais, uma vez que diferentes espécies conviviam juntas. Emitir sons diferentes evitaria confusão de comunicação entre membros de espécies diferentes. Esse provavelmente era o caso dos Corythosaurus e Lambeosaurus.
Outros hadrossauros não tinham cristas. No lugar delas desenvolveram focinhos com bolsas elásticas que desempenhavam função equivalente à de seus primos com crista.
Outro grupo que é sempre lembrado pelo formato de seu crânio é o dos paquicefalossauros. Acredita-se que esses dinos tenham aparecido pela primeira vez na Ásia há cerca de 95 milhões de anos. Os membros desse grupo são caracterizados por um crânio extremamente espesso, cuja função ainda intriga os especialistas. A maioria acredita que a função primordial desse "capacete" estava ligado à rituais de acasalamento e disputas por liderança.
Imagina-se que a espessura do crânio de tais herbívoros bípedes seria útil para proteger o cérebro desses animais durante ferozes batalhas de bater cabeças. Estudos em crânios de diversos indivíduos de Stegoceras mostraram que os machos realmente possuíam crânios mais espessos, o que serviria de forte indício para confirmar essa idéia. Como carneiros selvagens atuais, os machos deveriam bater ferozmente seus crânios até que um dos adversários desistisse. O vencedor ganhava o grupo e as fêmeas.
Costuma-se dividir os paqui em dois grandes grupos: os homalocéfalos e os paquicéfalossaurídeos. Os primeiros tinham crânios menos espessos e mais achatados, o que sugere que os combates deveriam ser do tipo "empurra-empurra". Já os últimos tinham crânios muito espessos e arredondados, o que para muitos significa combates do tipo "bate-cabeça".
Mas alguns paleontólogos mais recentemente têm rejeitado a teoria do combate cabeça contra cabeça. Eles afirmam que apesar de espesso, o formato arredondado faria com que o ponto de contato fosse pequeno, o que permitira erros de golpe e possíveis lesões graves. Eles acham que não seria interessante para esses animais serem feridos o tempo todo. Sendo assim eles propõem idéias alternativas, como por exemplo, golpes de cabeça contra as laterais do corpo, o que provocaria mais um leve desconforto do que propriamente uma lesão séria.
Alguns ainda propõem que na verdade os paqui usavam suas caudas para o combate, chicoteando os adversários.
Uma linha mais recente defende a idéia de que os crânios na verdade não eram usados para luta, mas apenas para exibição. Os defensores dessa idéia apontam a existência de grandes calombos ósseos nas laterais do crânio (em algumas espécies, como o Stygimoloch abaixo, esses calombos são enormes) que serviriam para deixar a aparência do animal ainda mais imponente e feroz.
Parentes dos paqui são os ceratopsianos. Os paleontólogos consideram estes como os dinossauros com os crânios mais impressionantes.
Suas cabeças, além da gorjeia óssea, eram ornamentadas com impressionantes cornos. Tanto os cornos como as gorjeias variavam em forma e tamanho de acordo com a espécie.
Entre os ceratopsianos mais desenvolvidos encontram-se 2 grandes grupos: os centrossaurídeos e os chasmossaurídeos.
Os centrossaurídeos, como o Styracosaurus e o Pachyrhinosaurus (abaixo), tinha gorjeias curtas. Normalmente os cornos que ficavam acima dos olhos eram pequenos e o corno nasal era muito longo.
Já os chasmossaurídeos, como o Torosaurus e o Triceratops (abaixo) tinham gorjeias longas, seus cornos orbitais também eram longos mas seu corno nasal era bem curto.
Há muito se discutia a real função de tais estruturas. Observando superficialmente é fácil imaginá-las como poderosas armas de ataque e defesa, especialmente se levarmos em conta que tais criaturas conviveram com poderosos carnívoros como os tiranossauros.
Mas nem tudo o que parece é.
Com relação aos cornos, apesar da aparência poderosa, estudos recentes demonstraram que eles na verdade eram bastante frágeis, podendo quebrar-se com facilidade. Infelizmente se isso ocorresse não haveria regeneração.
No caso do corno nasal de alguns centrossaurídeos, é provável que fossem usados mais para intimidação do que propriamente para ataque. Já os cornos orbitais dos chasmossaurídeos podem ainda ter sido usados para combates entre machos pela controle de um grupo ou posse da fêmeas.
Examinando os cornos de diversos Triceratops percebeu-se que haviam diferenças entre machos e fêmeas. Nas fêmeas eram mais curtos, curvados para frente e um pouco mias frágeis. Mas nos machos, eram longos e fortes, e curvados para frente e logo na ponta, para cima, o que é perfeito para combater sem arriscar tanto ferir seriamente o adversário. É provável que as lutas fossem um último recurso. Acredita-se que primeiramente os machos realizassem rituais de exibição.
Se nenhum deles cedesse, aí sim havia combate. É também provável que as lutas fossem rápidas e dificilmente haviam grandes ferimentos ou morte. Em geral o perdedor tinha ferido apenas seu orgulho.
Com relação às gorjeias, durante muito tempo cogitou-se que sua principal utilidade seria a de defender o frágil pescoço desses animais contra a mordida de predadores. Isso parece lógico, especialmente se observarmos o Triceratops, cuja gorjeia era sólida. Mas todos os outros ceratopsianos tinham grandes buracos nas gorjeias, provavelmente para torná-las mais leves. Esses buracos, quando os animais eram vivos preenchiam-se com pele e vasos sanguíneos. Um predador poderia facilmente causar danos sérios. O mais provável é que elas servissem apenas para intimidação. Alguns paleontólogos imaginam que os ceratopsianos e suas gorjeias eram ricamente coloridos, o que tornaria a intimidação ainda mais eficaz. Para incrementar ainda mais algumas espécies tinham longos calombos nas gorjeias, que os faziam parecer maiores e mais ferozes.
É provável que, quando ameaçados, os ceratopsianos, que viviam em rebanhos, formassem um círculo, com as cabeças para o lado de fora. Abaixando os focinhos e deixando a gorjeia e os cornos bem à mostra eles poderiam sacudir as cabeças dando um efeito tenebroso. Até os maiores predadores pensariam duas vezes antes de atacar. O colorido das gorjeias também poderiam ser usados para atrair fêmeas e intimidar rivais.
Um dos primeiros dinossauros a apresentar alguma ornamentação craniana foi o Dilophosaurus. Esse carnívoro de 7 m de comprimento e 600 quilos viveu no início do Jurássico, há cerca de 190 milhões de anos. No topo de seu crânio existiam duas cristas em, vistas de frente, formavam um "V". Sua fragilidade descarta a possibilidade de servir de arma. Alguns paleontólogos acreditam que esses animais poderiam utilizar as cristas para intimidação. Algumas descobertas indicam que existia uma diferença de tamanho entre as cristas de machos e fêmeas, sendo as delas menores. Isso pode ser um indício de que a crista também poderiam servir como atrativo sexual, sendo utilizada pelo macho para conquistar fêmeas.
Na mesma época, mas no outro extremo do mundo viviam um outro carnívoro de porte semelhante ao do Dilophosaurus, com uma crista também bastante exótica. O Cryolophosaurus provavelmente usava sua estranha crista de maneira semelhante à do Dilophosaurus.
O Carnotaurus e o Ceratosaurus (abaixo) possuíam pequenos cornos no alto da cabeça. Inicialmente acreditou-se que poderiam ser usados para matar suas presas. Hoje porém acredita-se que pode ter tido função semelhante às dos carnívoros citados anteriormente.
Até mesmo dinossauros famosos como Allosaurus, Spinosaurus e Baryonyx tinham pequenas elevações no alto da cabeça, que podem ter sido apenas para ostentação.
Entre os pequenos terópodes, como o Oviraptor, a crista estava presente apenas nos machos. As fêmeas apenas apresentavam um pequeno calombo na ponta do bico. Nessa espécie a crista é um forte indicador de dimorfismo sexual.
Entre os vegetarianos destacam-se as cristas exóticas dos hadrossauros, ou dinossauros de bico-de-pato. Animais como o Parasaurolophus tinham longas cristas tubulares, ocas por dentro. Acredita-se que funcionavam como câmaras de ressonância, que amplificavam os sons emitidos por esses animais. Reconstruções em laboratório e programas de computador levaram os cientistas a conhecer o provável som emitido por esses animais. Semelhante a uma trombeta, diferia entre machos e fêmeas. Os machos, de cristas longas e quase retas emitiam sons muito altos e mais agudos, enquanto que as fêmeas, de cristas curtas e curvadas, emitiam sons baixos e graves.
Outras espécies de hadrossauros, com cristas de diferentes formatos provavelmente emitiam sons diversos. Alguns acreditam que essas diferenças eram cruciais para esses animais, uma vez que diferentes espécies conviviam juntas. Emitir sons diferentes evitaria confusão de comunicação entre membros de espécies diferentes. Esse provavelmente era o caso dos Corythosaurus e Lambeosaurus.
Outros hadrossauros não tinham cristas. No lugar delas desenvolveram focinhos com bolsas elásticas que desempenhavam função equivalente à de seus primos com crista.
Outro grupo que é sempre lembrado pelo formato de seu crânio é o dos paquicefalossauros. Acredita-se que esses dinos tenham aparecido pela primeira vez na Ásia há cerca de 95 milhões de anos. Os membros desse grupo são caracterizados por um crânio extremamente espesso, cuja função ainda intriga os especialistas. A maioria acredita que a função primordial desse "capacete" estava ligado à rituais de acasalamento e disputas por liderança.
Imagina-se que a espessura do crânio de tais herbívoros bípedes seria útil para proteger o cérebro desses animais durante ferozes batalhas de bater cabeças. Estudos em crânios de diversos indivíduos de Stegoceras mostraram que os machos realmente possuíam crânios mais espessos, o que serviria de forte indício para confirmar essa idéia. Como carneiros selvagens atuais, os machos deveriam bater ferozmente seus crânios até que um dos adversários desistisse. O vencedor ganhava o grupo e as fêmeas.
Costuma-se dividir os paqui em dois grandes grupos: os homalocéfalos e os paquicéfalossaurídeos. Os primeiros tinham crânios menos espessos e mais achatados, o que sugere que os combates deveriam ser do tipo "empurra-empurra". Já os últimos tinham crânios muito espessos e arredondados, o que para muitos significa combates do tipo "bate-cabeça".
Mas alguns paleontólogos mais recentemente têm rejeitado a teoria do combate cabeça contra cabeça. Eles afirmam que apesar de espesso, o formato arredondado faria com que o ponto de contato fosse pequeno, o que permitira erros de golpe e possíveis lesões graves. Eles acham que não seria interessante para esses animais serem feridos o tempo todo. Sendo assim eles propõem idéias alternativas, como por exemplo, golpes de cabeça contra as laterais do corpo, o que provocaria mais um leve desconforto do que propriamente uma lesão séria.
Alguns ainda propõem que na verdade os paqui usavam suas caudas para o combate, chicoteando os adversários.
Uma linha mais recente defende a idéia de que os crânios na verdade não eram usados para luta, mas apenas para exibição. Os defensores dessa idéia apontam a existência de grandes calombos ósseos nas laterais do crânio (em algumas espécies, como o Stygimoloch abaixo, esses calombos são enormes) que serviriam para deixar a aparência do animal ainda mais imponente e feroz.
Parentes dos paqui são os ceratopsianos. Os paleontólogos consideram estes como os dinossauros com os crânios mais impressionantes.
Suas cabeças, além da gorjeia óssea, eram ornamentadas com impressionantes cornos. Tanto os cornos como as gorjeias variavam em forma e tamanho de acordo com a espécie.
Entre os ceratopsianos mais desenvolvidos encontram-se 2 grandes grupos: os centrossaurídeos e os chasmossaurídeos.
Os centrossaurídeos, como o Styracosaurus e o Pachyrhinosaurus (abaixo), tinha gorjeias curtas. Normalmente os cornos que ficavam acima dos olhos eram pequenos e o corno nasal era muito longo.
Já os chasmossaurídeos, como o Torosaurus e o Triceratops (abaixo) tinham gorjeias longas, seus cornos orbitais também eram longos mas seu corno nasal era bem curto.
Há muito se discutia a real função de tais estruturas. Observando superficialmente é fácil imaginá-las como poderosas armas de ataque e defesa, especialmente se levarmos em conta que tais criaturas conviveram com poderosos carnívoros como os tiranossauros.
Mas nem tudo o que parece é.
Com relação aos cornos, apesar da aparência poderosa, estudos recentes demonstraram que eles na verdade eram bastante frágeis, podendo quebrar-se com facilidade. Infelizmente se isso ocorresse não haveria regeneração.
No caso do corno nasal de alguns centrossaurídeos, é provável que fossem usados mais para intimidação do que propriamente para ataque. Já os cornos orbitais dos chasmossaurídeos podem ainda ter sido usados para combates entre machos pela controle de um grupo ou posse da fêmeas.
Examinando os cornos de diversos Triceratops percebeu-se que haviam diferenças entre machos e fêmeas. Nas fêmeas eram mais curtos, curvados para frente e um pouco mias frágeis. Mas nos machos, eram longos e fortes, e curvados para frente e logo na ponta, para cima, o que é perfeito para combater sem arriscar tanto ferir seriamente o adversário. É provável que as lutas fossem um último recurso. Acredita-se que primeiramente os machos realizassem rituais de exibição.
Se nenhum deles cedesse, aí sim havia combate. É também provável que as lutas fossem rápidas e dificilmente haviam grandes ferimentos ou morte. Em geral o perdedor tinha ferido apenas seu orgulho.
Com relação às gorjeias, durante muito tempo cogitou-se que sua principal utilidade seria a de defender o frágil pescoço desses animais contra a mordida de predadores. Isso parece lógico, especialmente se observarmos o Triceratops, cuja gorjeia era sólida. Mas todos os outros ceratopsianos tinham grandes buracos nas gorjeias, provavelmente para torná-las mais leves. Esses buracos, quando os animais eram vivos preenchiam-se com pele e vasos sanguíneos. Um predador poderia facilmente causar danos sérios. O mais provável é que elas servissem apenas para intimidação. Alguns paleontólogos imaginam que os ceratopsianos e suas gorjeias eram ricamente coloridos, o que tornaria a intimidação ainda mais eficaz. Para incrementar ainda mais algumas espécies tinham longos calombos nas gorjeias, que os faziam parecer maiores e mais ferozes.
É provável que, quando ameaçados, os ceratopsianos, que viviam em rebanhos, formassem um círculo, com as cabeças para o lado de fora. Abaixando os focinhos e deixando a gorjeia e os cornos bem à mostra eles poderiam sacudir as cabeças dando um efeito tenebroso. Até os maiores predadores pensariam duas vezes antes de atacar. O colorido das gorjeias também poderiam ser usados para atrair fêmeas e intimidar rivais.
sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Garras Poderosas
As garras desempenhavam funções importantes em diversas espécies de dinossauros, tanto em herbívoros como em carnívoros.
Primeiramente trataremos dos herbívoros.
Alguns ornitópodes, como os iguanodontes, tinham modificações marcantes em seus membros anteriores. Suas garras nos dedos mais longos se transformaram em cascos, o que permitia a esses animais caminhassem inclusive nas quatro patas. Seus polegares tiveram os ossos fundidos, formando uma espécie de esporão, que, provavelmente, era usado como arma de defesa.
Os gigantescos saurópodes tinham garras curvas nas patas dianteiras, no lugar dos polegares. Acredita-se que quando ameaçados, uma das táticas para rechaçar os predadores era a de ficar em pé nas patas traseiras, liberando seus membros anteriores para golpeá-los com os esporões.
As garras mais impressionantes pertenciam aos enigmáticos terizinossauros. A maior garra de todos os dinossauros pertencia ao Therizinosaurus cheloniformis (ao lado), com mais de 80 cm de comprimento.
Durante anos não se conhecia a verdadeira forma do Therizinosaurus. Imaginava-se que este era um predador poderoso, que utilizava suas enormes garras como armas letais. Através de novos estudos e novas descobertas, percebeu-se que, na verdade, este estranho animal era na maior parte do tempo um vegetariano.
Nesse caso suas garras poderiam funcionar como poderosas armas de defesa contra predadores como tiranossauros e dromeossauros.
Alguns ainda propõem que os terizinossauros complementassem sua dieta alimentando-se de cupins e formigas. Para essa tarefa as garras seriam muito úteis para destruir os ninhos desses insetos.
Entre os carnívoros as garras em geral funcionavam como armas letais. Os espinossauros, como o Baryonyx , usavam suas garras para auxiliá-los a agarrar escorregadios peixes dos quais se alimentavam. É possível também que estas mesmas garras, de até 60 cm, servissem como armas para atacar outros dinossauros, como iguanodontes.
Grandes predadores como Allosaurus e Acrocanthosaurus podem ter usado as enormes garras das patas traseiras para impulsioná-los ao longo do solo, de maneira semelhante às chuteiras dos jogadores de futebol. Já as garras dos membros anteriores eram úteis para auxiliá-los a segurar suas presas enquanto estas tentavam fugir da morte certa.
As garras mais impressionantes entre os predadores eram a dos raptores. Diferentes de outros carnívoros, os raptores usavam como principal arma suas garras letais. As dos membros anteriores eram usadas para que estes animais pudessem se agarrar às laterais de suas vítimas, enquanto que as enormes "foices" presentes em seus pés eram usadas em chutes selvagens contra o abdome das mesmas. Depois de vários golpes certeiros a barriga da presa se abria e suas entranhas se espelhavam por todo o lado. Exausta e cheia de dor, a vítima não resistia.
Os oviraptorssauros, ornitomimossauros e troodontes dispunham de garras curvas e, em alguns casos, dedos opositores, muito úteis para agarrar ovos, pequenos lagartos e mamíferos, alimento principal desses pequenos caçadores.
Primeiramente trataremos dos herbívoros.
Alguns ornitópodes, como os iguanodontes, tinham modificações marcantes em seus membros anteriores. Suas garras nos dedos mais longos se transformaram em cascos, o que permitia a esses animais caminhassem inclusive nas quatro patas. Seus polegares tiveram os ossos fundidos, formando uma espécie de esporão, que, provavelmente, era usado como arma de defesa.
Os gigantescos saurópodes tinham garras curvas nas patas dianteiras, no lugar dos polegares. Acredita-se que quando ameaçados, uma das táticas para rechaçar os predadores era a de ficar em pé nas patas traseiras, liberando seus membros anteriores para golpeá-los com os esporões.
As garras mais impressionantes pertenciam aos enigmáticos terizinossauros. A maior garra de todos os dinossauros pertencia ao Therizinosaurus cheloniformis (ao lado), com mais de 80 cm de comprimento.
Durante anos não se conhecia a verdadeira forma do Therizinosaurus. Imaginava-se que este era um predador poderoso, que utilizava suas enormes garras como armas letais. Através de novos estudos e novas descobertas, percebeu-se que, na verdade, este estranho animal era na maior parte do tempo um vegetariano.
Nesse caso suas garras poderiam funcionar como poderosas armas de defesa contra predadores como tiranossauros e dromeossauros.
Alguns ainda propõem que os terizinossauros complementassem sua dieta alimentando-se de cupins e formigas. Para essa tarefa as garras seriam muito úteis para destruir os ninhos desses insetos.
Entre os carnívoros as garras em geral funcionavam como armas letais. Os espinossauros, como o Baryonyx , usavam suas garras para auxiliá-los a agarrar escorregadios peixes dos quais se alimentavam. É possível também que estas mesmas garras, de até 60 cm, servissem como armas para atacar outros dinossauros, como iguanodontes.
Grandes predadores como Allosaurus e Acrocanthosaurus podem ter usado as enormes garras das patas traseiras para impulsioná-los ao longo do solo, de maneira semelhante às chuteiras dos jogadores de futebol. Já as garras dos membros anteriores eram úteis para auxiliá-los a segurar suas presas enquanto estas tentavam fugir da morte certa.
As garras mais impressionantes entre os predadores eram a dos raptores. Diferentes de outros carnívoros, os raptores usavam como principal arma suas garras letais. As dos membros anteriores eram usadas para que estes animais pudessem se agarrar às laterais de suas vítimas, enquanto que as enormes "foices" presentes em seus pés eram usadas em chutes selvagens contra o abdome das mesmas. Depois de vários golpes certeiros a barriga da presa se abria e suas entranhas se espelhavam por todo o lado. Exausta e cheia de dor, a vítima não resistia.
Os oviraptorssauros, ornitomimossauros e troodontes dispunham de garras curvas e, em alguns casos, dedos opositores, muito úteis para agarrar ovos, pequenos lagartos e mamíferos, alimento principal desses pequenos caçadores.
Alimentaçãos
Quanto à alimentação os dinossauros podem ser classificados em 3 grupos: carnívoros, herbívoros e onívoros, cada grupo com suas variações próximas. Os carnívoros compreendem um grupo que apesar das variações de tamanho apresentam uma forma mais ou menos básica: bípedes, pernas longas e fortes, caudas rijas que serviam como contrapeso, espinhas dorsais paralelas à linha do solo, braços com garras e cabeça com dentes afiados. A maneira como se alimentavam modificou-se de espécie para espécie.
É provável que pequenos carnívoros como o Compsognathus(Abaixo) e o Ornitholestes se alimentassem de pequenos animais, especialmente insetos e lagartos, e não dispensavam a chance de comerem ovos e filhotes de dinossauros, inclusive seus próprios.
Os raptores eram dinossauros que poderiam ser comparados aos lobos selvagens dos dias de hoje. Caçadores de perseguição, podiam abater presas com 4 vezes o seu tamanho. Sua inteligência lhes permitia caçar em bandos de maneira coordenada. Separavam um animal ferido da manada, saltavam sobre seu dorso e mordiam sua garganta e quadris, enquanto alguns usavam as enormes garras curvas para abrir o abdome da vítima. A presa exausta e com horríveis dores acabava cedendo. Os raptores então faziam a festa. O raptor só era uma máquina mortal quando em grupo. Sozinho ele só conseguia apanhar pequenos animais.
Em relação aos grandes carnívoros muito se discute se eles eram predadores ativos ou apenas necrófagos. O mais provável é que fossem os dois, de acordo com a ocasião. Quando possível eles comiam carcaças que encontravam ou as roubavam de carnívoros menores, usando seu tamanho e rugido para afugentá-los. Mas se tivessem fome e não houvesse carcaças disponíveis com certeza eles podiam caçar e matar qualquer presa que quisessem.
Registros fósseis indicam que alguns carnívoros de grande porte caçavam em bandos, como os leões. Entre esses animais pode-se citar os Allosaurus e Giganotosaurus.
Essas criaturas evoluíram para caçar grandes herbívoros, como os saurópodes. Para abatê-los eles precisavam agir em grupo. Talvez sua organização não fosse tão complexa quanto a dos raptores mas era o suficiente para suas presas grandes e lentas. Alguns separavam um membro fraco da manada, enquanto os restantes derrubavam e abatiam a presa.
Haviam no entanto carnívoros que preferiam uma caçada mais solitária. O Tyrannosaurus era um exemplo. Apesar de poder correr até 50 km/h (segundo um rastro encontrado nos EUA), ele era basicamente um caçador de emboscada. Tal como um tigre, ele aproximava-se lentamente da presa até que chegasse a uma distância bem próxima. Ele então lançava-se com grande agilidade sobre a vítima , geralmente hadrossauros ou ceratopsianos, cravando seus grandes dentes no couro grosso, apertando e sacudindo até quebrar o pescoço ou a espinha, promovendo uma morte muito rápida.
Um animal de algumas toneladas era uma refeição para vários dias do Tyrannosaurus.
Havia ainda um grupo bastante exótico de carnívoros conhecidos como espinossaurídeos. Esses dinos tinham uma cabeça e dentição muito semelhantes às do crocodilo, o que indica uma alimentação composta principalmente de peixes. Não descarta-se porém que eles caçassem outros animais, usando suas garras para ferir a vítima.
Seus longos focinhos também eram úteis para afundarem nas carcaças, à procura de vísceras.
O Dilophosaurus foi um dos primeiros grandes carnívoros. Apesar do tamanho suas mandíbulas eram fracas demais para caçar. Acredita-se que ele era necrófago a maior parte do tempo, alimentando-se das carcaças trazidas às praias pelo mar.
Entre os onívoros (aqueles que comiam de tudo) destacam-se os oviraptores, que se especializaram em comer ovos, perfurando suas cascas com seus bicos duros e seus pequenos e pontudos dentes no céu da boca.
Os ornitomimossauros, parecidos com avestruzes, podiam correr rápido e apanhar insetos, pequenos lagartos e mamíferos. Também comiam ovos, folhas, raízes e sementes.
Os terizinossauros durante muito tempo representaram um enigma para os cientistas. Sua dentição indica hábitos herbívoros. Mas não se descarta a hipótese de que pudessem complementar sua dieta ingerindo grandes quantidades de cupins, que retiravam dos ninhos escavando-os com suas imensas garras.
Em relação aos herbívoros podemos dizer que tiveram muitas adaptações para esse tipo de alimentação, uma vez que digerir vegetais é muito mais difícil que carne.
Os grandes saurópodes, por exemplo passavam a maior parte de seu tempo comendo. Só que esses animais tinham dentes fracos em forma de pino ou de colher, normalmente apenas na parte da frente da boca. Isso permitia à eles apenas cortar e engolir as folhas tenras. Para ajudar na digestão os saurópodes engoliam pequenas pedras chamadas gastrólitos, que uma vez no estômago, ao se atritarem umas nas outras maceravam o alimento contido ali.
Quando já estavam lisas demais elas eram eliminadas junto com as fezes. Além das pedras é provável que tivessem em seu estômago uma câmara cheia de bactérias que também ajudavam a digerir. Era a chamada Câmara de fermentação. Abaixo, um modelo interno do estômago de um saurópode (esquerda) e do tubo digestório completo (direita).
Os estegosauros e anquilossauros também tinham uma fraca dentição, o que impedia esses animais de mastigarem a comida. Preferiam comer folhas macias. Para digerir, como não foi encontrada nenhuma evidência de que eles engolissem pedras, é provável que só usassem a câmara de fermentação. A fermentação tem como subproduto o gás metano. Assim esse processo deveria causar um poderoso efeito: a flatulência. Nas florestas jurássicas, além dos urros e guinchos dos dinossauros, ecoavam os sons e o odor desagradável da flatulência desses animais.Durante o período Cretáceo apareceram novos tipos de herbívoros com um equipamento melhor de mastigação que permitia a eles alimentarem-se de uma variedade maior de plantas. Entre eles estão os ceratopsianos, os hadrossauros e os iguanodontídeos. Possuíam uma musculatura especial nas mandíbulas que lhes dava capacidade de mastigação.
Os iguanodontes tinham além do bico, dentes molares que eram ótimos para a mastigação de qualquer tipo de vegetação. Os cientistas acreditam que esse foi um dos motivos que permitiram a esse animal espalhar-se por todo o globo O bico forte para cortar e os dentes afiados permitiam aos ceratopsianos comer plantas fibrosas e rijas, como pinhas e cicadáceas. Os hadrossauros eram máquinas de comer que trituravam plantas com seus milhares de dentes, que funcionavam como raladores de vegetais.
É provável que pequenos carnívoros como o Compsognathus(Abaixo) e o Ornitholestes se alimentassem de pequenos animais, especialmente insetos e lagartos, e não dispensavam a chance de comerem ovos e filhotes de dinossauros, inclusive seus próprios.
Os raptores eram dinossauros que poderiam ser comparados aos lobos selvagens dos dias de hoje. Caçadores de perseguição, podiam abater presas com 4 vezes o seu tamanho. Sua inteligência lhes permitia caçar em bandos de maneira coordenada. Separavam um animal ferido da manada, saltavam sobre seu dorso e mordiam sua garganta e quadris, enquanto alguns usavam as enormes garras curvas para abrir o abdome da vítima. A presa exausta e com horríveis dores acabava cedendo. Os raptores então faziam a festa. O raptor só era uma máquina mortal quando em grupo. Sozinho ele só conseguia apanhar pequenos animais.
Em relação aos grandes carnívoros muito se discute se eles eram predadores ativos ou apenas necrófagos. O mais provável é que fossem os dois, de acordo com a ocasião. Quando possível eles comiam carcaças que encontravam ou as roubavam de carnívoros menores, usando seu tamanho e rugido para afugentá-los. Mas se tivessem fome e não houvesse carcaças disponíveis com certeza eles podiam caçar e matar qualquer presa que quisessem.
Registros fósseis indicam que alguns carnívoros de grande porte caçavam em bandos, como os leões. Entre esses animais pode-se citar os Allosaurus e Giganotosaurus.
Essas criaturas evoluíram para caçar grandes herbívoros, como os saurópodes. Para abatê-los eles precisavam agir em grupo. Talvez sua organização não fosse tão complexa quanto a dos raptores mas era o suficiente para suas presas grandes e lentas. Alguns separavam um membro fraco da manada, enquanto os restantes derrubavam e abatiam a presa.
Haviam no entanto carnívoros que preferiam uma caçada mais solitária. O Tyrannosaurus era um exemplo. Apesar de poder correr até 50 km/h (segundo um rastro encontrado nos EUA), ele era basicamente um caçador de emboscada. Tal como um tigre, ele aproximava-se lentamente da presa até que chegasse a uma distância bem próxima. Ele então lançava-se com grande agilidade sobre a vítima , geralmente hadrossauros ou ceratopsianos, cravando seus grandes dentes no couro grosso, apertando e sacudindo até quebrar o pescoço ou a espinha, promovendo uma morte muito rápida.
Um animal de algumas toneladas era uma refeição para vários dias do Tyrannosaurus.
Havia ainda um grupo bastante exótico de carnívoros conhecidos como espinossaurídeos. Esses dinos tinham uma cabeça e dentição muito semelhantes às do crocodilo, o que indica uma alimentação composta principalmente de peixes. Não descarta-se porém que eles caçassem outros animais, usando suas garras para ferir a vítima.
Seus longos focinhos também eram úteis para afundarem nas carcaças, à procura de vísceras.
O Dilophosaurus foi um dos primeiros grandes carnívoros. Apesar do tamanho suas mandíbulas eram fracas demais para caçar. Acredita-se que ele era necrófago a maior parte do tempo, alimentando-se das carcaças trazidas às praias pelo mar.
Entre os onívoros (aqueles que comiam de tudo) destacam-se os oviraptores, que se especializaram em comer ovos, perfurando suas cascas com seus bicos duros e seus pequenos e pontudos dentes no céu da boca.
Os ornitomimossauros, parecidos com avestruzes, podiam correr rápido e apanhar insetos, pequenos lagartos e mamíferos. Também comiam ovos, folhas, raízes e sementes.
Os terizinossauros durante muito tempo representaram um enigma para os cientistas. Sua dentição indica hábitos herbívoros. Mas não se descarta a hipótese de que pudessem complementar sua dieta ingerindo grandes quantidades de cupins, que retiravam dos ninhos escavando-os com suas imensas garras.
Em relação aos herbívoros podemos dizer que tiveram muitas adaptações para esse tipo de alimentação, uma vez que digerir vegetais é muito mais difícil que carne.
Os grandes saurópodes, por exemplo passavam a maior parte de seu tempo comendo. Só que esses animais tinham dentes fracos em forma de pino ou de colher, normalmente apenas na parte da frente da boca. Isso permitia à eles apenas cortar e engolir as folhas tenras. Para ajudar na digestão os saurópodes engoliam pequenas pedras chamadas gastrólitos, que uma vez no estômago, ao se atritarem umas nas outras maceravam o alimento contido ali.
Quando já estavam lisas demais elas eram eliminadas junto com as fezes. Além das pedras é provável que tivessem em seu estômago uma câmara cheia de bactérias que também ajudavam a digerir. Era a chamada Câmara de fermentação. Abaixo, um modelo interno do estômago de um saurópode (esquerda) e do tubo digestório completo (direita).
Os estegosauros e anquilossauros também tinham uma fraca dentição, o que impedia esses animais de mastigarem a comida. Preferiam comer folhas macias. Para digerir, como não foi encontrada nenhuma evidência de que eles engolissem pedras, é provável que só usassem a câmara de fermentação. A fermentação tem como subproduto o gás metano. Assim esse processo deveria causar um poderoso efeito: a flatulência. Nas florestas jurássicas, além dos urros e guinchos dos dinossauros, ecoavam os sons e o odor desagradável da flatulência desses animais.Durante o período Cretáceo apareceram novos tipos de herbívoros com um equipamento melhor de mastigação que permitia a eles alimentarem-se de uma variedade maior de plantas. Entre eles estão os ceratopsianos, os hadrossauros e os iguanodontídeos. Possuíam uma musculatura especial nas mandíbulas que lhes dava capacidade de mastigação.
Os iguanodontes tinham além do bico, dentes molares que eram ótimos para a mastigação de qualquer tipo de vegetação. Os cientistas acreditam que esse foi um dos motivos que permitiram a esse animal espalhar-se por todo o globo O bico forte para cortar e os dentes afiados permitiam aos ceratopsianos comer plantas fibrosas e rijas, como pinhas e cicadáceas. Os hadrossauros eram máquinas de comer que trituravam plantas com seus milhares de dentes, que funcionavam como raladores de vegetais.
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Barbatanas dos Dinossauros
Alguns dinossauros desenvolveram ao longo de sua coluna dorsal vértebras extremamente alongadas (como pode ser visto na figura do esqueleto abaixo), que até hoje intrigam os cientistas. Muitos ainda discutem se essas vértebras se projetavam como enormes espinhos para intimidação ou se sustentavam grandes estruturas semelhantes a barbatanas.
Não foram só os dinossauros que apresentavam essas característica. Durante o período Permiano répteis conhecidos como pelicossauros também apresentavam tal característica. Entre os mais famosos está o Dimetrodon (abaixo). A maioria dos paleontólogos acredita que essas vértebras realmente sustentavam uma grande barbatana. O problema era entender o porquê dessa estrutura.
No caso do Dimetrodon e de outros répteis desse período a explicação mais aceita é a de que essas barbatanas funcionavam como uma estrutura de troca de calor. O final do Permiano é marcado por um clima mais seco e de mudanças bruscas de temperatura. É possivel que esses répteis tenham desenvolvido mecanismos extras para poder controlar a temperatura corporal. Sabe-se que haviam muitos vasos sangüíneos passando por esse local (impressões fósseis de vasos são tidas como prova da teoria da barbatana). Quando o animal sentia muito calor, virada a barbatana na direção do vento. O sangue, mais fresco, corriam para o resto do corpo, resfriando-o. Quando precisava aquecer-se o animal virava a barbatana na direção do sol, para que o sangue nas barbatanas captasse o calor e aquecesse o resto do corpo.
Entre os dinossauros a situação é ainda mais interessante. Já foram descobertos pelos menos 12 gêneros de dinossauros que apresentavam essa característica, entre eles saurópodes, ornitópodes e terópodes. O tamanho e comprimento dessas barbatanas variavam conforme a espécie.
Carnossauros europeus como o Metriacanthosaurus , Altispinax e Becklespinax, apresentavam barbatanas baixas que cobriam apenas o dorso.
Já o Acrocanthosaurus norte-americano (ao lado), apesar de também possuir uma barbatana baixa, esta se estendia da nuca até a metade da cauda.
O ornitópode Ouranosaurus (ao lado),um parente do Iguanodon, também apresentava uma barbatana, só que mais alta e desenvolvida.
Entre os saurópodes, pode-se destacar o Rebbachisaurus, com uma barbatana baixa dorsal e o Amargasaurus argentino (ao lado), com duas fileiras de espinhos que partiam da nuca e formavam duas grandes barbatanas cervicais e se estendiam até o dorso, onde se "fundiam" em uma única fileira que terminava quase na ponta da cauda
Recentes descobertas feitas nos EUA apontam um enorme predador Jurássico, bastante semelhante ao Allosaurus batizado de Saurophaganax . Com estimados 14 m de comprimento este foi um dos maiores carnívoros que já existiram. Também possuía vértebras alongadas, o que indica uma barbatana baixa ao longo do dorso.
Entre os estranhos terópodes do grupo dos espinossaurídeos também existem casos de espécies com barbatanas. O recém-descoberto Suchomimus (ao lado) tinha vértebras alongadas e uma barbatana que começava na altura dos ombros e terminava no início da cauda. Seu ponto mais alto, com cerca de 50 cm localizava-se na região da pélvis.
Mas com certeza o mais impressionante dinossauro de barbatana foi o Spinosaurus (abaixo). Esse gigantesco espinossaurídeo com estimados 15 a 17,2 m de comprimento tinha a maior barbatana de todos, que atingia cerca de 1,8 m no ponto mais alto.
A grande questão é: para que servia a barbatana nesses dinossauros tão diversos?
Apesar da verdadeira resposta ainda não ser conhecida, alguns paleontólogos especulam sua utilidade. Como essas estrutura está presente em dinossauros de grupos tão variados, eles precisaram analisar outros fatores que pudessem colocá-los em um ponto comum. Nessa análise eles perceberam dois pontos em comum entre todos os dinossauros de barbatanas: o local onde viveram e a época em que viveram. Mas será que essas descobertas podem ajudar a solucionar o problema?
Até onde sabemos todos os dinossauros desse grupo viveram num determinado ponto da Era Mesozóica. Com excessão do Metriacanthosaurus e do Saurophaganax que são conhecidos do final do Jurássico, há cerca de 150 milhões de anos, todos os outros dinossauros de barbatana viveram no início e médio Cretáceo, entre 120 e 90 milhões de anos. Outro ponto interessante foi sua localização. Todos viveram em regiões próximas ao Equador.
Mas você deve estar se perguntando: o Acrocanthosaurus e o Saurophaganax viveram na América do Norte e o Metriacanthosaurus, Altispinax e Becklespinax viveram na Europa, que estão bem distantes do Equador, qual a relação? Acontece que entre o final do Jurássico e o início do Cretáceo essas regiões estavam mais ao sul, numa área que hoje conhecemos como região equatorial.
Sabe-se que esse período de transição entre o Jurássico e Cretáceo foi repleto de mudanças importantes. Os continentes estavam se dividindo, o clima estava mudando. E a área onde essas criaturas viviam estava no centro das mudanças.
Entendendo essas mudanças alguns paleontólogos acreditam que nesse período as temperaturas poderiam variar muito durante o dia. Assim é possível que essas enormes barbatanas, tais quais ocorria com o antigo Dimetrodon, servissem como uma estrutura de irradiação de calor. Os animais poderiam utilizá-las tanto para absorver calor como para dissipar o excesso. Mas alguns paleontólogos acreditam que isso é um ultrage, pois defendem a teoria dos dinossauros como homeotérmicos e, para eles, admitir algo assim seria como aceitar o fato dos dinossauros serem de "sangue frio".
Talvez isso seja um tanto exagerado. Sabemos que existem muitos homeotérmicos que utilizam meios extras de captar, dissipar ou manter calor em seus corpos. Algumas aves, como abutres, antes do vôo costumam abrir suas asas para absorver mais calor. Elefantes - africanos têm enormes orelhas que ajudam a dissipar o calor. Morsas possuem gordura acumulada para, entre outras coisas, manterem seus corpos protegidos do frio, mantendo o calor interno. Sendo assim é perfeitamente possível que os dinossauros desse período tivessem mecanismos extras para ajudar no controle de temperatura corporal sem, necessariamente, serem de "sangue frio".
Outra idéia para essas barbatanas está diretamente relacionada à uma questão comportamental. Acredita-se que podem ter funcionado também como estruturas de exibição. Alguns ainda se arriscam a afirmar que as mesmas possuíam estruturas pigmentares, semelhantes a cromatóforos que, quando estimuladas poderiam produzir cores vibrantes, tornando a barbatana bem visível e chamativa. Talvez os machos tivessem as barbatanas maiores e mais coloridas, para atrair fêmeas para o acasalamento. Também poderiam ser usadas para afastar competidores sexuais e inimigos naturais, como predadores. Pode ainda ter sido usada para indicar status no grupo, idade e até ter servido como uma "identidade" (nesse caso cada animal poderia ter uma padronagem diferente). É possível ainda que, como ocorre em polvos e lulas, conforme o estado emocional do animal (medo, agressão, irritabilidade...), a barbatana mudasse de cor, servindo assim como um "termostato emocional".
Existem ainda alguns especialistas que não acreditam que houvesse uma barbatana. Para eles as vértebras alongadas não eram entremeadas por pele mas sim ficavam soltas, dando ao animal uma aparência de porco-espinho, o que seria útil para intimidação. Mais recentemente ainda alguns especialistas propuseram que na verdade essas vértebras sustentariam grandes músculos, e que na verdade esses animais teriam grandes corcovas, como as dos camelos e bisões. Essas corcovas poderiam ser usadas para acúmulo de gordura para o caso de secas e faltas de alimentos.
Não foram só os dinossauros que apresentavam essas característica. Durante o período Permiano répteis conhecidos como pelicossauros também apresentavam tal característica. Entre os mais famosos está o Dimetrodon (abaixo). A maioria dos paleontólogos acredita que essas vértebras realmente sustentavam uma grande barbatana. O problema era entender o porquê dessa estrutura.
No caso do Dimetrodon e de outros répteis desse período a explicação mais aceita é a de que essas barbatanas funcionavam como uma estrutura de troca de calor. O final do Permiano é marcado por um clima mais seco e de mudanças bruscas de temperatura. É possivel que esses répteis tenham desenvolvido mecanismos extras para poder controlar a temperatura corporal. Sabe-se que haviam muitos vasos sangüíneos passando por esse local (impressões fósseis de vasos são tidas como prova da teoria da barbatana). Quando o animal sentia muito calor, virada a barbatana na direção do vento. O sangue, mais fresco, corriam para o resto do corpo, resfriando-o. Quando precisava aquecer-se o animal virava a barbatana na direção do sol, para que o sangue nas barbatanas captasse o calor e aquecesse o resto do corpo.
Entre os dinossauros a situação é ainda mais interessante. Já foram descobertos pelos menos 12 gêneros de dinossauros que apresentavam essa característica, entre eles saurópodes, ornitópodes e terópodes. O tamanho e comprimento dessas barbatanas variavam conforme a espécie.
Carnossauros europeus como o Metriacanthosaurus , Altispinax e Becklespinax, apresentavam barbatanas baixas que cobriam apenas o dorso.
Já o Acrocanthosaurus norte-americano (ao lado), apesar de também possuir uma barbatana baixa, esta se estendia da nuca até a metade da cauda.
O ornitópode Ouranosaurus (ao lado),um parente do Iguanodon, também apresentava uma barbatana, só que mais alta e desenvolvida.
Entre os saurópodes, pode-se destacar o Rebbachisaurus, com uma barbatana baixa dorsal e o Amargasaurus argentino (ao lado), com duas fileiras de espinhos que partiam da nuca e formavam duas grandes barbatanas cervicais e se estendiam até o dorso, onde se "fundiam" em uma única fileira que terminava quase na ponta da cauda
Recentes descobertas feitas nos EUA apontam um enorme predador Jurássico, bastante semelhante ao Allosaurus batizado de Saurophaganax . Com estimados 14 m de comprimento este foi um dos maiores carnívoros que já existiram. Também possuía vértebras alongadas, o que indica uma barbatana baixa ao longo do dorso.
Entre os estranhos terópodes do grupo dos espinossaurídeos também existem casos de espécies com barbatanas. O recém-descoberto Suchomimus (ao lado) tinha vértebras alongadas e uma barbatana que começava na altura dos ombros e terminava no início da cauda. Seu ponto mais alto, com cerca de 50 cm localizava-se na região da pélvis.
Mas com certeza o mais impressionante dinossauro de barbatana foi o Spinosaurus (abaixo). Esse gigantesco espinossaurídeo com estimados 15 a 17,2 m de comprimento tinha a maior barbatana de todos, que atingia cerca de 1,8 m no ponto mais alto.
A grande questão é: para que servia a barbatana nesses dinossauros tão diversos?
Apesar da verdadeira resposta ainda não ser conhecida, alguns paleontólogos especulam sua utilidade. Como essas estrutura está presente em dinossauros de grupos tão variados, eles precisaram analisar outros fatores que pudessem colocá-los em um ponto comum. Nessa análise eles perceberam dois pontos em comum entre todos os dinossauros de barbatanas: o local onde viveram e a época em que viveram. Mas será que essas descobertas podem ajudar a solucionar o problema?
Até onde sabemos todos os dinossauros desse grupo viveram num determinado ponto da Era Mesozóica. Com excessão do Metriacanthosaurus e do Saurophaganax que são conhecidos do final do Jurássico, há cerca de 150 milhões de anos, todos os outros dinossauros de barbatana viveram no início e médio Cretáceo, entre 120 e 90 milhões de anos. Outro ponto interessante foi sua localização. Todos viveram em regiões próximas ao Equador.
Mas você deve estar se perguntando: o Acrocanthosaurus e o Saurophaganax viveram na América do Norte e o Metriacanthosaurus, Altispinax e Becklespinax viveram na Europa, que estão bem distantes do Equador, qual a relação? Acontece que entre o final do Jurássico e o início do Cretáceo essas regiões estavam mais ao sul, numa área que hoje conhecemos como região equatorial.
Sabe-se que esse período de transição entre o Jurássico e Cretáceo foi repleto de mudanças importantes. Os continentes estavam se dividindo, o clima estava mudando. E a área onde essas criaturas viviam estava no centro das mudanças.
Entendendo essas mudanças alguns paleontólogos acreditam que nesse período as temperaturas poderiam variar muito durante o dia. Assim é possível que essas enormes barbatanas, tais quais ocorria com o antigo Dimetrodon, servissem como uma estrutura de irradiação de calor. Os animais poderiam utilizá-las tanto para absorver calor como para dissipar o excesso. Mas alguns paleontólogos acreditam que isso é um ultrage, pois defendem a teoria dos dinossauros como homeotérmicos e, para eles, admitir algo assim seria como aceitar o fato dos dinossauros serem de "sangue frio".
Talvez isso seja um tanto exagerado. Sabemos que existem muitos homeotérmicos que utilizam meios extras de captar, dissipar ou manter calor em seus corpos. Algumas aves, como abutres, antes do vôo costumam abrir suas asas para absorver mais calor. Elefantes - africanos têm enormes orelhas que ajudam a dissipar o calor. Morsas possuem gordura acumulada para, entre outras coisas, manterem seus corpos protegidos do frio, mantendo o calor interno. Sendo assim é perfeitamente possível que os dinossauros desse período tivessem mecanismos extras para ajudar no controle de temperatura corporal sem, necessariamente, serem de "sangue frio".
Outra idéia para essas barbatanas está diretamente relacionada à uma questão comportamental. Acredita-se que podem ter funcionado também como estruturas de exibição. Alguns ainda se arriscam a afirmar que as mesmas possuíam estruturas pigmentares, semelhantes a cromatóforos que, quando estimuladas poderiam produzir cores vibrantes, tornando a barbatana bem visível e chamativa. Talvez os machos tivessem as barbatanas maiores e mais coloridas, para atrair fêmeas para o acasalamento. Também poderiam ser usadas para afastar competidores sexuais e inimigos naturais, como predadores. Pode ainda ter sido usada para indicar status no grupo, idade e até ter servido como uma "identidade" (nesse caso cada animal poderia ter uma padronagem diferente). É possível ainda que, como ocorre em polvos e lulas, conforme o estado emocional do animal (medo, agressão, irritabilidade...), a barbatana mudasse de cor, servindo assim como um "termostato emocional".
Existem ainda alguns especialistas que não acreditam que houvesse uma barbatana. Para eles as vértebras alongadas não eram entremeadas por pele mas sim ficavam soltas, dando ao animal uma aparência de porco-espinho, o que seria útil para intimidação. Mais recentemente ainda alguns especialistas propuseram que na verdade essas vértebras sustentariam grandes músculos, e que na verdade esses animais teriam grandes corcovas, como as dos camelos e bisões. Essas corcovas poderiam ser usadas para acúmulo de gordura para o caso de secas e faltas de alimentos.
Assinar:
Postagens (Atom)